Há coincidências que quase parecem não o ser. E a que envolve o chef Nuno Mendes — português radicado em Londres há vários anos que já teve uma estrela Michelin (no Viajante) e que gere espaços como o Chiltren Firehouse, a Taberna do Mercado e o recente Mãos — enquadra-se perfeitamente neste cenário. Há quase um ano lançou o livro de receitas “Lisboeta”, um compêndio dos pratos tradicionais da capital que agora foi traduzido para português, e agora foi apresentado como diretor criativo de Food & Beverage do renovado Bairro Alto Hotel. De um momento para o outro, passou da ação à prática e vai poder implementar nos restaurantes desta unidade hoteleira muitas das receitas (se bem que mais trabalhadas) que apresenta no tal livro.

A sua nova função pode parecer confusa para quem não esteja versado no jargão da hotelaria mas, basicamente, o novo cargo impõe que seja de sua autoria tudo o que de comida seja servido na nova encarnação do boutique hotel mais emblemático da Baixa lisboeta.  No total, o hotel que vai crescer e ocupar um quarteirão inteiro na zona do Largo Luís de Camões, terá cinco espaços que funcionaram debaixo da batuta de Mendes. O BAHR será o restaurante/bar principal e vai morar no quinto andar do edifício. Assumindo um estilo ora boémio — não se tratasse do Bairro Alto — ora descontraído (q.b.), este espaço vai servir versões contemporâneas de alguns dos pratos mais icónicos da capital. No evento de apresentação destas novidades foram servidos pratos como xerém de bacalhau e lingueirão; acém grelhado com Perilla (tipo de erva), batata e levedura ou até os icónicos jesuíta e bola de berlim. São coisas deste género que vai poder vir a encontrar não só no BAHR como um pouco por todos os outros espaços.

Maquete em 3D de como será o BAHR.

Existirá também o Terraço BAHR, um prolongamento do restaurante virado para o Tejo; a Pastelaria, espaço inspirado nestes clássicos estabelecimentos que servirá café e bolos clássicos; o Mezzanine, bar intimista, tranquilo e aberto todo o dia; e, finalmente, o Bar 18.68, mais virado para a coquetelaria que ganhará vida a partir do fim da tarde (o nome presta homenagem ao quartel de Bombeiros que existia no mesmo sítio, um dos mais antigos do país).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O Bairro Alto sempre foi um lugar muito especial para mim, onde passei muito tempo quando era mais novo. Tem um contraste muito giro entre o boémio e o decadente e acho que o Bairro Alto Hotel sempre personificou essa energia criativa”, diz o chef no comunicado de imprensa que anuncia todas as novidades. “Na minha vida, sempre coloquei o espírito de Lisboa nos meus projetos, usando ideias e sabores que me ligavam à cidade . Não imagino melhor equipa, nem melhor lugar, para fazer o meu regresso a casa.”, acrescenta ainda o cozinheiro.

Projeção de como será a vista do terraço.

O retornar de Nuno Mendes não será o único já que o chef Bruno Rocha, quem estava responsável pelas comidas do hotel até ao seu encerramento — em novembro de 2017 –, também estará de volta às cozinhas desta unidade hoteleira, desta vez como chef executivo. Durante os últimos tempos, Rocha ficou responsável pela cozinha do hotel Tivoli Carvoeiro, no Algarve, tendo pelo meio estagiado com a super-estrela brasileira Alex Atala no D.O.M.

Um dos quartos Classic.

Sobre esta segunda vida do Bairro Alto Hotel resta dizer que o mesmo estará bem maior do que era antigamente: passará dos 55 para os 87 quartos, somando-se ainda quatro novas salas de reunião e um wellness center. Toda a remodelação foi feita pelo Pritzker Souto Moura em parceria com o Atelier Bastir e o The Studio. O novo espaço deverá abrir em abril de 2019 e já é possível fazer reservas — está em vigor uma tarifa especial de abertura onde os preços de um quarto Classic começam a partir 315€ por noite.