O ministro das Infraestruturas de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, pediu esta segunda-feira “compreensão” aos cidadãos em relação à crise de energia elétrica, prometendo “ir melhorando paulatinamente” a normalização no abastecimento de luz no país.

“Temos conhecimento da situação, ela não nos agrada. Esperamos ir melhorando paulatinamente essa situação e tudo indica que daqui para frente vamos conseguir fazê-lo. Pedimos que as pessoas tenham compreensão e sobretudo abstenham-se de danificar bens públicos”, disse Carlos Vila Nova, responsável pelas pastas de Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente, em declarações a jornalistas.

Entre quinta-feira e domingo, populares montaram barricadas e incendiaram pneus em várias localidades do país, protestando contra a falta de energia, que se agravou na última semana, com casos de bairros sem luz durante quatro dias consecutivos.

Obô Izaquente, Almeirim, Água Arroz, Água Bobô, São Marçal ou São Gabriel contam-se entre as várias localidades onde populares montaram barricadas, cortando a circulação de pessoas e viaturas, e incendiaram pneus.

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O ministro não avançou uma previsão para a melhoria da situação, reconhecendo, contudo, que a falha constante e prolongada no abastecimento de luz elétrica “mexe com as pessoas e com o setor produtivo”, o que admitiu serem “situações desagradáveis”.

Nas declarações à imprensa, também prestou explicações Carlos Correia, técnico da empresa portuguesa Efacec, que forneceu há pouco mais de um ano quatro grupos geradores que custaram ao país cerca de cinco milhões de euros.

O técnico de manutenção da Efacec explicou que “houve um desgaste” mecânico em dois grupos geradores fornecidos pela sua empresa e cuja recuperação prometeu para “finais de novembro”.

“Eu peço às pessoas que tenham compreensão: está-se a trabalhar, nós pensamos ir melhorando a situação paulatinamente. Neste momento o foco está na central de Santo Amaro, onde há maiores perspetivas de resolução e, em simultâneo, já foram dadas orientações para retomar [a produção de] Bobo Forro 2 para ir minimizando esse tipo de problemas”, referiu Vila Nova.

A Empresa de Água e Eletricidade (Emae) tem um parque produtivo dividido em três centrais térmicas e uma central hidroelétrica.

“Na central de Santo Amaro, há dois grupos parados, outros dois de Bobo Foro também estão parados e a central hidroelétrica de Contador está parado”, explicou o governante, sublinhando que por causa dessas paralisações pelo menos 13 megawatts de energia que poderiam ser produzidas por estes centrais estão fora do sistema.

“Isso representa mais do que 50% da produção da Empresa de Água e Eletricidade”, explicou o ministro, justificando assim a necessidade de fazer programação no fornecimento de energia.

“Dentro desse quadro há os imprevistos, há também algumas incompreensões e há problemas técnicos”, disse o ministro.

O governante comentou que existem dificuldades na recuperação da central do rio Contador, que produz dois megawatts, já que tem 51 anos e “há algumas dificuldades em encontrar em tempo oportuno” materiais para reposição.

Por causa da paralisação de vários grupos geradores, a Emae aponta para a “degradação no já planificado fornecimento de energia a população” e levanta suspeitas de que estejam a ocorrer atos de sabotagem dentro da empresa.

Carlos Vila Nova referiu-se a “pedaços de roupa” encontrados num dos grupos geradores em manutenção, derrube de postes de alta tensão, entre outros casos, que disse que “não são casuais”.