O chefe de governo espanhol demarcou-se dos partidos separatistas esta sexta-feira numa entrevista ao El País. Para o socialista Pedro Sánchez, a “monarquia parlamentar é, agora mesmo, a chave do cofre de um grande consenso constitucional que começou em 1978”, referiu em entrevista ao jornal espanhol. “Espero que [a monarquia] perdure”, continuou o político numa conversa em que também refere que a Catalunha “rompeu o consenso constitucional” e que é preciso um “novo contrato social”, sendo a mudança da Constituição necessária.

Quanto ao papel da monarquia, o chefe de governo refere que “agora tem a possibilidade de conhecer em primeira mão o trabalho que a Casa Real tem feito nos últimos 40 anos, em particular o rei Felipe VI”. Para Sánchez, “Felipe VI é um rei do seu tempo, um rei que defende a igualdade de género, o compromisso de Espanha na luta contra as alterações climáticas, os direitos dos trabalhadores e tem uma grande sensibilidade com a questão catalã e a diversidade do país”. Tudo isto “por muito que os independentistas catalães o tenham criticado”. Desta forma, o líder do PSOE, que precisou de se aliar a partidos defensores da causa catalã para chegar à liderança do governo, demarca-se da oposição política.

Numa altura em que se celebram os 40 anos da constituição espanhola, o líder do PSOE refere que todos os líderes partidários espanhóis têm de trabalhar “para fortalecer os vínculos com a União Europeia” e para que a “evolução da Constituição” sirva esse propósito. Para Sánchez, qualquer evolução que passa por uma revisão tem de ter em atenção pontos que, em 1978, não tiveram tanto relevo, como “o direito do meio ambiente” e “a igualdade de género”.

Esta terça-feira, o chefe de governo falou em entrevista também a vários canais de televisão espanhóis e referiu que, apesar do apoio ao rei, pode ser necessário rever o artigo 56, alínea 3, da constituição espanhola, que estabelece o princípio de inviolabilidade do monarca. Ao mesmo tempo, Sánchez questionou igualmente a eficiência de outros órgãos, como o Senado.

O responsável político socialista acredita que, no atual mandato, poderá não haver tempo para uma reforma constitucional, até porque o PSOE tem apenas 84 deputados. Contudo, para Sánchez, uma reforma constitucional, que desse mais autonomia a cada região e modernizasse a educação e o mercado de trabalho, conseguiria grande apoio parlamentar.

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