David De Gea, considerado pelo próprio José Mourinho como o melhor guarda-redes do mundo e que, em final de contrato, tanto pode renovar com o Manchester United como sair a custo zero para o PSG, conseguiu um feito que não acontecia há quase dois meses e meio na Premier League: defendeu um remate enquadrado de Aubameyang, que marcava sempre que acertava no alvo. E a seguir ainda fez outra intervenção a impedir o golo do gabonês, que seria o 2-3. No entanto, o mal estava feito: num lance fácil após canto, em que Mustafi cabeceou apertado na área, deixou a bola passar entre as mãos e passou mesmo a linha de baliza.
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O erro do espanhol, o mesmo que esta temporada já salvou tantas vezes o Manchester United, permitiu ao Arsenal inaugurar o marcador mas serve de exemplo paradigmático para o grande problema de José Mourinho na presente temporada: o número de golos consentidos pela equipa, muitos deles no mínimo evitáveis – se nos primeiros 15 jogos da última temporada o internacional tinha sofrido apenas nove golos, agora vai nos 24. E as falhas defensivas dos companheiros nada ajudam.
Numa partida electrizante e jogada sempre nos limites de intensidade (algumas vezes passando essa fronteira, acrescente-se), o técnico português mexeu na estrutura da equipa e utilizou também um esquema com três centrais como Unai Emery, lançando Diogo Dalot para percorrer todo o lado direito da equipa (acabando com elogios como “o Manchester United tem lateral para dez anos”, por exemplo). Os gunners adiantaram-se no marcador mas ainda na primeira parte, numa insistência de Herrera (a partir de posição muito contestada) após livre, Martial empatou para os red devils, deixando mais uma vez a marca na ficha de jogo como aconteceu em tantos outros jogos grandes na presente época como Newcastle, Everton ou Manchester City.

Marcos Rojo perdeu a bola, marcou a meias com Lacazette, bola foi ao meio e iniciou lance do 2-2 com passe longo (Michael Regan/Getty Images)
No segundo tempo, Marcos Rojo, antigo central do Sporting, foi o protagonista em menos de dois minutos: depois de uma comprometedora perda de bola, tentou ainda desfazer o erro num carrinho quando Lacazette se preparava para rematar na área e acabou por fazer autogolo (primeiro o golo, aos 68′, foi dado ao francês, mas mais tarde a informação foi corrigida); logo de seguida, um passe longo do argentino acabou por apanhar Kolasinac desprevenido, o bósnio atrapalhou-se com Sokratis e Lingaard foi mais rápido do que Bernd Leno, encostando isolado na área para mais um empate (69′).
Sentimo-nos frustados com o resultado, frustrados por alguns erros, frustrados por alguns momentos nos quais era necessária mais qualidade. Mas temos de estar satisfeitos pelo espírito, pelo esforço, pela dinâmica e pela intensidade. Marcámos quatro golos e empatámos 2-2. Mesmo em jogos como o de hoje, em que jogámos bem, damos sempre tiros nos pés. Umas vezes falhamos golos de baliza aberta, noutras cometemos erros defensivos”, lamentou Mourinho no final do jogo.
Já sem o aniversariante Martial em campo por lesão (entrou Lukaku, o avançado belga que não marca em Old Trafford há meses), Mourinho lançaria ainda Fellaini e Paul Pogba em campo mas o resultado não mais se alteraria, nem com o médio campeão mundial que o português terá acusado, após o empate com o Southampton, de ser como uma espécie de vírus que não respeita os companheiros e perturba a mentalidade da própria equipa. E ainda foi Lacazette, a dois minutos do final, a aproveitar mais um lapso de De Gea para lhe roubar a bola e empurrar para a baliza já com o jogo interrompido por falta – não demorou até que as redes sociais fossem invadidas com imagens de um golo muito semelhante… validado ao Manchester United.
??????? FINAL | Manchester United 2 – 2 Arsenal
"Reds" de Mourinho empataram na recepção aos "gunners" e já não vencem há quatro jornadas#MUNARS #EPL pic.twitter.com/Pcr6HgDCrq
— GoalPoint.pt ⚽ (@_Goalpoint) December 5, 2018
Também José Mourinho foi notícia por mais uma reação extemporânea na zona do banco de suplentes, dando um pontapé numa parede, e sobretudo pelo que se passou a seguir: percebendo que um pequeno adepto do United tinha ficado perto daquela zona a olhar para si, o treinador português sorriu, levantou-se e foi cumprimentar a criança. Com este resultado, os red devils afastaram-se ainda mais dos primeiros classificados (19 pontos de diferença do City, 17 do Liverpool), somando 23 pontos a oito do Chelsea, que ocupa a quarta posição que é neste momento o objetivo do conjunto de Old Trafford.
Class from Mourinho
(?: @ManUnitedZone_ )https://t.co/iba0jX7aII— Troll Football Media (@Troll__Footbal) December 5, 2018