Os eSports [torneios de jogos eletrónicos] de alta-competição passam esta sexta-feira e sábado, dias 14 e 15, por Portugal, com a Altice Arena a receber 6 mil espectadores para a edição lisboeta do BLAST Pro Series. O desafio em questão? Counter Strike: Global Offensive (CS:GO), um jogo de tiros em formato multiplayer para computador. E a quantidade de público interessada explica-se: Counter Strike é um jogo muito popular e as melhores equipas do mundo estão a concorrer por um prémio de 220 mil euros. Tudo isto junto deverá gerar luta renhida.

Portugal, em termos de jogadores, é um país relativamente grande. Há 150 mil portugueses a jogar este jogo. Há muitos fãs. Vai ser uma coisa em grande”, disse ao Observador Steen Laursen, responsável pela marca e comunicação do BLAST Pro Series.

O objetivo deste evento, que já se realiza em cidades como Madrid, São Paulo e Copenhaga, “é assumir-se como a Fórmula 1 dos eSports” ao ter vários torneios a passar por diferentes países em cada temporada, afirma Steen Laursen. A competição existe apenas há dois anos, mas já é das maiores do género a nível mundial. Além de levar dezenas de milhares de fãs a querer ver ao vivo as suas equipas favoritas em grandes pavilhões, o torneio é transmitido na televisão em mais de 120 países e pela Internet — espera-se que seja acompanhada por mais de 10 milhões de espectadores online. Os números podem surpreender, mas a nível internacional os eSports têm crescido exponencialmente nos últimos anos.

O truque para o sucesso deste torneio “é o foco no espectador”, explica Laursen. “É para o público em geral porque a vantagem deste eSport [o CS:GO em particular] é que é simples de entender”, diz o responsável da organização. A fórmula é clara: “São duas equipas de cinco jogadores, uma contra a outra”. Nós avisámos que era clara. Laursen acredita que “mesmo quem tenha dificuldade em entender que existam competições de videojogos com prémios em dinheiro vai perceber a emoção”.

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Steen Laursen é responsável de comunicação da Blast. No futuro, assume que quer que o evento volte a passar por Lisboa

Com os jogadores profissionais a arrecadarem cada vez mais seguidores — e dinheiro em prémios — os eSports já têm eventos com fãs ávidos, da mesma maneira que acontece nas competições desportivas mais tradicionais, como o futebol. “Os eSports são uma indústria de mil milhões de dólares”, assume Laursen. O público “é maioritariamente masculino, cerca de 75% dos espectadores são homens” e como o fenómeno do “Counter Strike” já existe há 20 anos, a audiência abrange um espectro etário bastante largo: “Começa nos jovens de 14 e 15 anos, mas o foco está nos jogadores com idades entre os 25 e os 55 anos”, revela.

Esta sexta-feira, as competições são à porta fechada, mas no sábado, as partir das 13h30, as portas da Altice Arena serão abertas para os cerca de 6 mil fãs que vão querer acompanhar ao vivo a fase final do torneio. A organização garante que apenas cerca de 2% dos bilhetes foram oferecidos — a quase totalidade das entradas foram vendidas a preços que variam entre os 19 e os 39 euros.

Jogadores de eSports de alta competição com mente e corpo sãos

“A preparação física é muito importante: treino duas vezes ao dia. Cardio de manhã, para focar o corpo e a mente e, depois dos treinos [de videojogos], faço pesos para manter uma postura correta”, conta Nicolai Reedtz, conhecido com Dev1ce, um dos melhores jogadores do mundo e capitão da equipa Astralis. O eAtleta já participa nestas competições de Couter Strike há quatro anos e vê como “muito positivo” o facto de Portugal estar a receber o torneio.

À semelhança dos Astralis, a equipa MIBR [Made in Brasil], que tem como fã assumido o futebolista Neymar, cumpre treinos rigorosos que “não passam só por comer pizzas e beber refrigerantes em frente a um computador”, explica Steve Laursen, em tom irónico. Como conta o capitão de equipa Gabriel Toledo, conhecido como FalleN, além das cerca de “6 a 8 horas de treinos de jogos”, a equipa também faz “bastante aeróbica e ginásio”.

[Um vídeo de promoção do evento, que mostra um pouco do ambiente que os espectadores e jogadores vão viver em Lisboa]

Dev1ce é dinamarquês e tem apenas 23 anos. Juntamente com a equipa, está em Portugal depois de, no último fim-de-semana, terem conseguido o prémio de 880 mil euros na competição de CS:GO Intel Grand Slam. O jogador é um dos mais bem sucedidos da modalidade e visita Lisboa pela primeira vez para estar presente no evento. O brasileiro FalleN já esteve em Portugal e afirma que vê o país “como uma segunda casa”, principalmente pelo apoio dos fãs portugueses.

Desde os 13 anos que comecei a jogar Counter Strike. Há gente que consegue ter sucesso muito rápido e pessoas que conseguem vencer após muito tempo a jogar”, conta o brasileiro Gabriel Toledo, que tem a alcunha de FalleN.

Além destas equipas, da Dinamarca e do Brasil (e atenção que a brasileira também tem jogadores norte-americanos), vão estar nesta competição os “NiP” (Ninjas in Pyjamas), da Suécia, os Cloud9 e os os FaZe Clan, dos Estados Unidos da América, (ambas as equipas têm jogadores de vários países) e os NaVi (Natus Vincere), da Ucrânia.

Todos os jogadores têm equipamentos iguais, como em qualquer desporto coletivo, e movem fãs que vibram com as jogadas e o percurso de cada um destes profissionais de eSports. Os prémios nestas competições rondam, por norma, as dezenas de milhares de euros para cada jogador, permitindo uma dedicação a tempo inteiro a este desporto moderno e garantindo um apelo cada vez maior junto de novos jogadores. As competições de Counter Strike são das mais comuns nestes torneios, mas há também outros videojogos em destaque, como Starcraft, Rocket League ou, mais recentemente, Fortnite.