Governo do recém-empossado de Jair Bolsonar quer afastar funcionários que tenham ideias “socialistas” e “comunistas”, anunciou Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil do novo líder brasileiro. Segundo notícia da Veja, as declarações foram proferidas na passada quarta-feira depois da primeira reunião de Bolsonaro com os seus ministros. No final da mesma, Lorenzoni falou aos jornalistas e quantificou esta “limpeza”  — no total, o executivo brasileiro estima que 320 funcionários “comissionados” em “cargos de confiança” sejam removidos da estrutura governativa. Segundo o portal de notícias da Globo, G1, estas exonerações já foram oficializadas esta quinta-feira, no “Diário Oficial da União”.

Esta medida foi descrita com sendo parte do esforço do novo Governo para “acabar” com “ideias socialistas e ideias comunistas” que, segundo o mesmo Lorenzoni, levaram o país ao “caos” nos últimos 30 anos. A ideia geral, já defendida pelo próprio Bolsonaro, é fazer com que o novo Governo possa operar “livre de amarras ideológicas”, diz o G1. “Vamos retirar de perto da administração pública federal todos aqueles que têm marcas ideológicas claras. Nós todos sabemos do aparelhamento que foi feito no governo federal nos quase 14 anos em que o PT aqui ficou”, disse o ministro. “Isso faz parte um pouco daquela frase que o presidente Bolsonaro dizia na campanha, de fazer a despetização do governo federal”, acrescentou.

[Veja aqui o vídeo das declarações de Onyx Lorenzoni]

Com esta tomada de posição, Onyx faz eco do discurso de Jair Bolsonaro na sua tomada de posse, que prometeu acabar com o “socialismo” no país. “Não há nenhum sentido termos, em um governo com o perfil que nós temos, pessoas que defendem uma outra lógica, um outro sistema político e uma outra organização da sociedade”, afirmou Onyx.

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Nesta conferência de imprensa houve ainda tempo para lançar farpas ao anterior governo, presidido por Michel Temer. Lorenzoni diz ter “faltado coragem” ao anterior executivo para “limpar a casa logo no inicio”, relata a Veja.

Segundo o ministro, Bolsonaro incentivou os todos os seus ministros a agirem de forma semelhante, de forma a que o “governo possa executar suas políticas”.

À nova equipa ministerial foi ainda pedida a elaboração de relatórios sobre indicações, exonerações e financiamentos a ministérios realizados nos últimos 30 dias. Onyx afirmou que o novo governo brasileiro encontrou “movimentações incomuns” que causaram “estranheza”.

“Houve movimentação incomum de recursos destinados a ministérios nos últimos dias do ano passado. Foi solicitado que todos os ministros fizessem a revisão pasta por pasta sobre as exonerações ou transferências de pessoal, e também sobre a movimentação financeira dos últimos 30 dias”, explicou Onyx.

O jornal brasileiro Estadão relata que na passada quarta-feira, por exemplo, a ministra das Mulheres e dos Direitos Humanos, Damares Alves, suspendeu um contrato de 44,9 milhões de reais com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao que tudo indica, o acordo que previa a construção de um projeto de “apoio institucional ao desenvolvimento do projeto ‘Fortalecimento Institucional da Funai (Fundação Nacional do Índio)'” não foi alcançado através de um concurso público mas sim por contratação direta, algo que não é comum no normal funcionamento das instituições públicas brasileiras.