O partido de extrema-direita Vox apresentou esta terça-feira uma lista de 19 exigências ao Partido Popular da Andaluzia, como moeda de troca para poder viabilizar o primeiro governo de direita naquela que é a região com a maior população de toda a Espanha. Entre as exigências mais sonantes, está a expulsão de 52 mil migrantes e a mudança do Dia da Andaluzia para 2 de janeiro, data em que seria comemorada a Reconquista aos mouros.

O Vox conseguiu eleger pela primeira vez deputados depois de ter ficado em quinto lugar nas eleições regionais da Andaluzia, conquistando 12 assentos parlamentares. Desde então, o PP, que ficou em segundo lugar, tem tentado conseguir um acordo a três — juntando-se assim ao Ciudadanos e também ao Vox — de forma a garantir o primeiro governo não liderado pelo PSOE na Andaluzia.

Esta terça-feira, ao formalizar as suas exigências para permitir ao PP a formação de um governo regional, o Vox tentou puxar por algumas das suas principais bandeiras: o combate à imigração, o anti-feminismo e a anulação das autonomias espanholas.

Segundo fontes do PP comunicaram à agência EFE, após uma “primeira avaliação” das exigências do Vox, o partido dos conservadores espanhóis considerou-as “inaceitáveis”. Referindo que a lista de 19 exigências demonstra que o Vox está mais interessado em si mesmo do que nos andaluzes, o PP diz que alguns dos pontos apresentados na reunião desta terça-feira são “um autêntico despropósito” e por isso o PP “não as pode apoiar”.

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Para o combate à imigração ilegal, o Vox acusa o atual governo regional da Andaluzia, liderado pela socialista Susana Díaz, de “encobrir ” a imigração ilegal, referindo que esta tem a “documentação necessária para a expulsão de 52 de mil imigrantes ilegais“, mas que não a partilha com a polícia. O Vox exige ao PP que essa situação seja verificada e os imigrantes expulsos.

Nos 19 pontos, o primeiro a aparecer tem a ver com uma das principais bandeiras do Vox: a anulação das autonomias territoriais de Espanha, consagradas pela Constituição de 1978, e que consagram parlamentos como aquele em que, na Andaluzia, o Vox se vai estrear. Neste ponto, o Vox exige a devolução ao Estado central as competências na educação, saúde, justiça e ordem pública.

Outro ponto reflete também uma das causas mais defendidas com aquele partido: o fim da lei da violência de género, que este partido de extrema-direita entende fazer um “pré-julgamento do sexo do agressor” e desrespeitar a presunção da inocência. Desta forma, a Lei da Violência Doméstica teria de ser substituída, defende o Vox, acrescentando que esta tem permitido uma “chuva massiva de subvenções às associações do feminismo supremacista”.

O partido liderado por Santiago Abascal exige ainda a revogação da lei “para garantir os direitos, a igualdade de tratamento e a não discriminação das pessoas LGBTI e os seus familiares na Andaluzia”. Sublinhando que “Espanha não é um país homofóbico”, o Vox refere então que “as pessoas de orientação homossexual já estão reconhecidas nas leis ordinárias e na Constituição”.

O Vox quer também reduzir e posteriormente anular os “gastos políticos e redundantes”, incluindo nesse lote as subvenções políticas aos partidos, sindicatos e organizações patronais. Ao contrário dessa redução gradual, o Vox pretende terminar de forma imediata o financiamento e subvenções dadas a “ONGs ideológicas”, sejam estas de “natureza comunista, feminista, progressista, liberal ou conservadora”. Mais à frente na lista de exigências, que o ABC publicou na íntegra, lê-se ainda a exigência do corte total a subvenções a associações islâmicas.

No tema da família, o Vox quer criar uma conselharia da Família e Natalidade, com o objetivo de promover o aumento da natalidade andaluza, permitir o apoio a famílias numerosas, aumentar o número de creches e campanhas para desincentivar o recurso ao aborto.