Barcelona e Sevilha encontraram-se pela última vez há menos de um mês. Na altura, no último dia de janeiro, a equipa de Ernesto Valverde goleou por 6-1 em Camp Nou e anulou a vantagem de dois golos que o Sevilha tinha alcançado na primeira mão dos quartos de final da Taça do Rei. Daí para cá, em cinco jogos, o Barcelona venceu apenas um (com o Valladolid) e empatou os restantes quatro (Valência, Real Madrid, Athl. Bilbao e Lyon). Este sábado, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, a equipa catalã procurava regressar às vitórias e conquistar três pontos na antecâmara da segunda mão da meia-final da Taça do Rei, quarta-feira, com o Real Madrid.

25 remates não chegaram para fazer um golo e o Barcelona empatou a zeros em Lyon

Nélson Semedo voltava a ser titular na direita da defesa e o Barcelona apresentava-se em Sevilha com a sua fórmula tipo: uma linha de quatro a defender, uma linha de três no meio-campo e outros três na frente de ataque, com Suárez mais destacado e Messi muito móvel no corredor direito. Umtiti, que tem atravessado uma temporada muito marcada por lesões, era o titular ao lado de Piqué, ao invés de Lenglet, e Arturo Vidal era o dono da direita do meio-campo, enquanto peça mais ofensiva do que Busquets e Rakitic e principal responsável pela ligação entre o setor intermédio e o ataque. Lá à frente, Philippe Coutinho regressava ao onze inicial na esquerda do trio ofensivo depois de ter perdido a titularidade para Dembélé no jogo dos oitavos de final da Liga dos Campeões com o Lyon. Messi, que já marcou mais golos ao Sevilha do que a qualquer outra equipa (36), procurava manter a tradição.

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Do outro lado, André Silva começava o jogo no banco de suplentes e perdia a titularidade para Quincy Promes. A equipa de Pablo Machín, ao contrário do Barcelona, invertia um pouco o esquema habitual e apresentava-se com apenas um homem destacado na frente, ao invés da habitual dupla André Silva-Ben Yedder: Ben Yedder era então o elemento mais adiantado e Promes ficava alguns passos atrás, ao lado de Pablo Sarabia, enquanto eixo de apoio ao avançado e proteção das alas nas transições defensivas. O Sevilha, que na quinta-feira venceu a Lazio e carimbou o passaporte para os oitavos de final da Liga Europa (onde vai defrontar o Slavia Praga), chegou a estar no topo da Liga espanhola no início da temporada mas atravessa agora um período menos bom — não vence para o Campeonato há praticamente um mês — e caiu já para a quinta posição, atrás de Getafe, Real Madrid, Atl. Madrid e do líder Barcelona.

Numa primeira parte muito morna, o Sevilha foi sempre a equipa a dar mais sinais de querer assustar Ter Stegen. Sem grandes oportunidades de golo e com o Barcelona a estudar a forma como a equipa de André Silva se apresentava em campo, acabou por ser um erro daquele que normalmente nunca erra a proporcionar o primeiro golo do jogo. Leo Messi falhou um passe à entrada da área do Sevilha e Promes recuperou e lançou rapidamente a velocidade de Ben Yedder: Sarabia abriu numa ala, Jesús Navas abriu na outra e o avançado optou pelo capitão, na direita. Navas, em cavalgada, atirou rasteiro e bateu Ter Stegen e Piqué, que ainda se esticou todo para tentar intercetar o remate. Contra-ataque certinho como os que vêm nos livros e Jesús Navas, no dia da 300.ª titularidade na Liga espanhola (todas a serviço do Sevilha), inaugurava o marcador.

O Barcelona, que está num período de alguma indefinição tática e estratégica, sem grande obediência aos esquemas montados por Ernesto Valverde e com pouco entrosamento entre os jogadores, não conseguiu esboçar uma grande reação ao golo sofrido mas anulou a desvantagem com a qualidade individual de um génio. Num lance que nem parecia ser especialmente perigoso, Rakitic deu largura na esquerda e recebeu de Suárez, cruzando depois para o primeiro metro da grande área do Sevilha. Messi, com muitos elementos adversários à volta, rematou de primeira e à meia volta e assinou um grande golo que repôs o empate na partida e mereceu vénias por parte dos adeptos do Barcelona que viajaram até Sevilha.

Com o empate restaurado, Barcelona e Sevilha procuraram o golo com pouca exuberância, sem grandes oportunidades, mas foi a equipa da casa que conseguiu mesmo voltar a colocar-se em vantagem. Num lance quase inacreditável de desconcentração da defesa blaugrana — Nélson Semedo, Piqué, Umtiti e Jordi Alba ficaram a pedir fora de jogo –, Sarabia fez o cruzamento no limite da linha de fundo e Gabriel Mercado teve todo o espaço e tempo para bater um apático Ter Stegen. 2-1 para o Sevilha ao intervalo e era preciso mudar muito no Barcelona se os catalães não quisessem somar uma derrota aos quatro recentes empates.

No regresso para a segunda parte, Valverde trocou Nélson Semedo por Sergi Roberto e ainda tirou Arturo Vidal para lançar Dembélé: Messi passou então a jogar imediatamente nas costas de Suárez, enquanto ligação entre o meio-campo e o ataque, e o avançado francês ocupou o corredor direito do trio ofensivo. O segundo tempo esteve bastante abaixo dos últimos minutos da primeira parte no que toca à qualidade de jogo e as bancadas do Sánchez Pizjuán já comemoravam os erros de Suárez, Dembélé, Coutinho e Messi como se de golos se tratassem. André Silva acabou por não entrar e o Sevilha deixou de subir tanto no terreno, juntando as linhas com o objetivo de evitar de ser apanhado descompensado e em desvantagem numérica.

Sem criar grandes oportunidades e a mostrar claros sinais de desgaste, o Barcelona acabou por conseguir empatar por intermédio da magia do costume: depois de um fraco passe longo do guarda-redes do Sevilha, Dembélé descobriu Messi à entrada da grande área o argentino, de pé direito, atirou colocado e sem hipótese para Vaclík. Leo Messi, o único dos blaugrana a querer vencer a partida nos últimos 20 minutos de jogo, aproveitou um ressalto depois de um remate de Aleñà para picar a bola por cima do guarda-redes sevilhano e fez o hat-trick número 50 na Liga espanhola que valeu a vitória do Barcelona. Até ao final, o argentino ainda assistiu para o 2-4 de Luis Suárez.

O Barcelona venceu e sabe de antemão que vai manter, pelo menos, a vantagem de sete pontos em relação ao Atl. Madrid, que joga este domingo com o Villarreal. Leo Messi, praticamente sozinho, foi o grande responsável pela vitória, manteve a tradição de marcar ao Sevilha e vai ocultando os problemas dos catalães, que jogam com o Real Madrid na quarta-feira para a Taça e no sábado para a Liga e ainda têm de vencer o Lyon em Camp Nou para seguir para os quartos de final da Liga dos Campeões. A equipa de Ernesto Valverde esteve a perder duas vezes mas fez-se valer do facto de ter como capitão alguém que é muito mais do que um simples jogador de futebol.