O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, quer uma Internet que proteja mais as pessoas, começando pelos utilizadores da própria rede social. Esta segunda-feira, a empresa anunciou que vai tornar mais transparente o algoritmo de recomendação de posts e os princípios de distribuição de anúncios. Já Zuckerbeg tinha pedido num artigo de opinião publicado no Washington Post no fim de semana, uma legislação que regulasse a Internet e a partilha de conteúdos, protegendo os utilizadores e os sistemas democráticos.

A rede social vai lançar a ferramenta “Por que é que estou a ver este post?”, associada a tudo o que surge no feed personalizado de cada utilizador. Diretamente no site ou na aplicação do Facebook, vai ser possível perceber como funciona o algoritmo de recomendações da rede social e compreender o que faz um post surgir em vez de outro: as interações anteriores com outro membro da rede social, as interações habituais do utilizador com publicações do mesmo tipo e a popularidade do próprio post.

Cambridge Analytica. Um ano “horribilis” depois, o Facebook não voltou a ser o mesmo

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por outro lado, a ferramenta “Por que é que estou a ver este anúncio?”, introduzida em 2014, vai ser expandida para explicar como é que um anunciante chega à nossa conta. Vão ser disponibilizados mais dados relativamente à demografia em que os utilizadores estão integrados e as atividades na plataforma que influenciam a distribuição de anúncios.

As mudanças, garante a empresa, são parte de “um investimento continuado na disponibilização de mais contexto e controlo sob o Facebook”. Esta será “a primeira vez que a informação sobre o funcionamento do algoritmo de recomendações é disponibilizada diretamente na plataforma”.

O presidente do Facebook quer mais regulamentação para a Internet

Mark Zuckerberg pediu um reforço da legislação sobre a Internet como um todo, focando-se em quatro áreas: “os conteúdos nocivos, a integridade de eleições, a privacidade e a portabilidade de dados”. O presidente do Facebook pediu “uma intervenção mais ativa do governo e dos reguladores”, considerando que a responsabilidade de proteger a sociedade não poderia cair apenas sob as empresas.

Os legisladores dizem muitas vezes que temos [as redes sociais] demasiado poder sob o discurso das pessoas e, sinceramente, concordo“, admitiu Zuckerberg, continuando: “Acredito cada vez mais que não deveríamos tomar decisões tão importantes sozinhos”.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/utilizadores-do-facebook/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”306″ slug=”utilizadores-do-facebook” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/utilizadores-do-facebook/thumbnail?version=1549032873180&locale=pt-PT&publisher=observador.pt” mce-placeholder=”1″]

Nesse sentido, o presidente do Facebook pede leis que definam de forma clara o discurso de ódio e a propaganda terrorista, para evitar que a rede social infrinja a liberdade de expressão dos utilizadores por excesso de zelo. Pela mesma razão, o Facebook está a criar uma entidade independente a que os utilizadores poderão recorrer para reclamar das decisões tomadas pela empresa.

Também a propaganda política e as notícias falsas precisam de ser fortemente mais reguladas, afirmou Mark Zuckerberg. “As leis têm de ser alteradas para responder às novas ameaças“, sublinhou, pedindo a ajuda dos governos para defender as eleições e processos democráticos de eventuais interferências.

Proteção de Dados. 10 perguntas para perceber o que está a acontecer

A proteção de dados dentro da União Europeia — através do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados — foi dada como um bom exemplo. O presidente do Facebook notou a importância de criar sistemas similares que se apliquem a mais países: “É preciso responsabilizar empresas como o Facebook“.

O reforço da privacidade, para Zuckerberg, implica também a portabilidade dos dados: “Se damos os nossos dados a um serviço devemos poder levá-los para outro”. Ou seja, cada utilizador deve ter a capacidade de retirar todos os dados de uma plataforma e retê-los, independentemente das alterações futuras à mesma.