O perfil das contratações do Sporting no mercado de inverno tinham tudo menos de Luiz Phellype – talvez com exceção da idade (25 anos). Tiago Ilori foi o regresso de um jogador formado no clube que se começava a perder por Inglaterra, Doumbia teve forte influência do scouting para chegar da Rússia, Borja veio também de um mercado mais alternativo (México) mas sendo já internacional pela Colômbia. Depois, apareceu o avançado brasileiro. Por valores mais modestos (500 mil euros), de um escalão mais modesto (Segunda Liga, onde jogava no Paços de Vítor Oliveira que está prestes a subir), com uma adaptação mais modesta. Hoje, três meses depois da estreia com o Feirense, afirma-se como grande revelação da equipa.

Bruno e o exemplo de como até pelo WhatsApp se faz a diferença (a crónica do Nacional-Sporting)

O brasileiro, que chegou à Europa via Bélgica (Standard Liège) e passou uma boa temporada em Angola ao serviço do Libolo entre as quatro equipas portugueses que representou – Beira-Mar, Estoril, Feirense e P. Ferreira –, chegou a Alvalade como alternativa ao titular indiscutível, Bas Dost. E foi assim que fez os primeiros encontros pelo Sporting, entrando na segunda parte (ou nos últimos minutos) para poupar o holandês ou para se juntar a ele quando o resultado não era o desejado. Depois, o gigante que foi o grande goleador leonino nas últimas duas épocas eclipsou-se entre problemas físicos e, desde que bisou em Chaves, Luiz Phellype soma já quatro jornadas consecutivas sempre a marcar, algo que tinha acontecido apenas seis vezes antes no conjunto verde e branco este século por Jardel, Liedson, Fredy Montero, Slimani, Bas Dost e Bruno Fernandes.

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“Aceitei porque o Sporting demonstrou um grande interesse em mim e fez-me acreditar bastante no projeto. Foi o maior passo que dei até agora mas sei que foi a decisão mais acertada”. Quem chega do Brasil conhece a dimensão do Sporting, dos adeptos, da história e dos jogadores que passaram por aqui. Ficamos bastante satisfeitos por fazer parte de um clube deste tamanho. O Sporting precisa sempre de golos e vitórias, e acho que posso acrescentar nisso também. Quero retribuir toda a confiança que colocaram em mim com trabalho e vitórias. Estou em Portugal há cinco anos e sei bem o que me vai esperar”, tinha comentado o jogador nas primeiras declarações como reforço do Sporting, ainda antes do Natal.

Curiosamente, e numa altura em que se fala muito sobre a auditoria feita pela Baker Tilly ao Sporting (SAD e clube) entre junho de 2013 e junho de 2018 e que chegou ao domínio público – spoiler alert: por só ter chegado em dezembro de 2018, não há dados sobre Luiz Phellype –, o brasileiro foi protagonista indireto de mais um leak poucos dias antes de ser oficializado em Alvalade, com uma minuta de contrato em seu nome a circular entre alguns grupos mais fechados dos leões nas redes sociais.

No plano coletivo, e com o golo desta noite, o Sporting igualou a melhor série da temporada e aumentou também para sete o número de triunfos seguidos no Campeonato, a três do melhor registo do clube verde e branco este século (2005/06, com Paulo Bento). Em paralelo, e mais de um ano e meio depois, os leões ganharam para a Primeira Liga fora sem sofrer golos.

“Podia ter sido maior, deveria ter sido maior. O nosso jogo foi bom, criámos oportunidades, mas o último passe não foi bom o suficiente. Podíamos ter criado e marcado mais mas estou feliz com a vitória e os jogadores estiveram bem. Foi uma vitória importante, mas era também importante ter marcado mais. Série de triunfos seguidos? Todas as equipas têm bons e maus períodos, nós não queremos os maus… Já expliquei que foi uma fase muito difícil para nós, com problemas físicos pelo meio; agora estamos bem e felizes a jogar futebol”, resumiu Marcel Keizer na flash interview da SportTV.