Assunção Cristas admitiu esta segunda-feira que não teve “certamente” a semana mais feliz da sua carreira política, em entrevista ao programa “As Três da Manhã”, da Rádio Renascença. A líder do CDS diz que já falou com Rui Rio sobre a situação em que ambos caíram no que à carreira dos professores diz respeito e continua o périplo de explicações sobre como, segundo defende, não houve um recuo na posição do CDS. Pelo caminho, Cristas admite que numa coisa tem “uma ponta de inveja do PS”: na forma eficaz de passar uma mensagem política. Mesmo que não seja “uma mentira absoluta”.

“Há muito trabalho a fazer para aprender a comunicar”, começou por dizer a líder centrista, acrescentando de seguida: “Só tenho uma ponta de inveja do Partido Socialista, porque, de facto, tem uma máquina de propaganda e de comunicação imensa. Conseguem transformar uma mentira e absoluta mentira numa verdade de que toda a gente acaba por ficar convencida”.

Admitindo que já falou com Rui Rio sobre a ameaça de crise política devido à votação do diploma dos professores, mas não revelando o conteúdo da conversa, Cristas volta a garantir que não houve qualquer recuo na posição do CDS. “A nossa posição foi sempre a mesma, nunca mudou no último ano e meio. Nós sempre dissemos isso aos professores”, afirma, referindo-se à clausula de salvaguarda que estava presente na proposta inicial do CDS, mas que, após chumbo da esquerda, não ficou vertida na proposta final da comissão de Educação (que ficou resumida ao mínimo denominador comum, isto é, ao princípio da contabilização dos 9 anos, 4 meses e 2 dias).

“A salvaguarda é imprescindível e isso ficou claro na nossa votação, acho é que não ficou claro no nosso discurso”, afirma Assunção Cristas, acrescentando: “Nunca houve nem haverá um compromisso firme com um calendário final, porque entendemos que o crescimento económico é um pressuposto e a estabilidade financeira é um limite. E não aceitamos andar para a frente e para trás e dizer aos professores aquilo que não podemos dizer”. A salvaguarda a que Cristas se refere é o artigo em que os centristas fazem depender o pagamento aos professores de fatores como a sustentabilidade das contas públicas ou a revisão do estatuto da carreira docente (e sistema de avaliação dos professores). Artigo esse que foi chumbado pela esquerda na votação na especialidade e que agora o CDS diz que não abdica, preparando-se por isso para votar contra o texto conjunto se essa parte não for aprovada.

Assim sendo, se o texto for chumbado, os professores não veem reconhecido o direito à contagem integral do tempo de serviço que esteve congelado para efeitos de progressão da carreira — e, nesse caso, o CDS afirma que se prepara para pôr a revisão da carreira docente no seu programa eleitoral. “Estará no programa eleitoral do CDS olhar para todas as condições, rever as condições de uma carreira que precisa de ser vista e revista há muito tempo (…) Certamente que teremos questões relacionadas com a revisão da carreira dos professores, com as avaliações, com as aposentações e isso andará a par e passo com a possibilidade de ir recuperando algum tempo”, diz agora, num claro suavizar de discurso face à reposição do tempo de serviço dos professores.

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