Depois de muitas reuniões e partilha de visões diferentes no seio do PSD, o líder do partido, Rui Rio, anunciou que vai “fazer todos os esforços” para não aumentar para 40 horas o tempo de trabalho semanal dos funcionários públicos. Numa entrevista à TVI, o social democrata lembrou, no entanto, que se o Governo ficar nas suas mãos fará auditorias de gestão a todos os serviços onde a despesa seja mais alta para fazer o mesmo que fez na Câmara Municipal do Porto: reduzir efetivos. “Uma coisa é uma País, outra uma Câmara Municipal. Mas reduzimos os efetivos e os serviços até melhoraram”, constatou.

Rio diz que se chegar a primeiro-ministro começa logo por “atirar” aos locais que mais pesam na despesa. E se for preciso corta mesmo nos funcionários públicos. “O primeiro-ministro diz que meteu mais não sei quantos milhares de funcionários públicos, então se meteu e os serviços estão piores é porque esse não é o problema”, disse, lembrando que lhe têm chegado vários relatos do Serviço Nacional de Saúde que mostram “uma desorganização incrível” assim como “um nível de desperdício” igualmente “incrível”.

Entre as várias perguntas, aquela a que não quis responder concretamente, mas que acabou por relativizar: o que pensa do seu recém eleito eurodeputado, Álvaro Amaro, permanecer em funções mesmo sendo investigado por corrupção de quando era presidente da câmara de Guarda. Rui Rio começou por responder que não falava de casos concretos, para depois afirmar: “Uma coisa é ser suspeito de coisa uma relativamente pequena outra coisa é ser suspeito de matar alguém”. O ex-autarca defende a presunção da inocência até à condenação em tribunal e afirma que as investigações policiais devem ser mais discretas, impedindo julgamentos na praça pública e “pessoas a serem chacinadas por julgamentos populares”.

“Dar cabo do nome das pessoas desta forma gratuita como assistimos em Portugal não é digno de uma democracia nem de um estado de direito”, respondeu.

Por falar em nomes, Miguel Sousa Tavares aproveitou para perguntar a Rio o que tinha a dizer sobre o seu ex-vice-presidente, Manuel Castro Almeida, que abandonou o cargo em desacordo com ele. Mais uma vez Rio teve resposta pronta, falou em “lealdade”, mas garantiu não ser um ditador e de não ser fácil liderar um partido. Principalmente o PSD como está agora. “A tarefa de líder do PSD neste momento é particularmente difícil”, resumiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O senhor ficará à frente do PSD se se mantiver o resultado das eleições europeias, de 25%?”, perguntou-lhe então Sousa Tavares. Rui Rio sorriu e corrigiu os números com ironia. “Não foi 25, foi 22, ainda foi menos!”, mas não foi tão claro na resposta como no resultado eleitoral: “O respeito pela história do PSD pode fazer-me ficar ou não ficar. Vai depender de muitos fatores. Por ambição pessoal não, logo se verá”.

O primeiro tema que Rio tocou foi, no entanto, a promessa que tem vindo a alimentar. Se for para o lugar de António Costa reduzirá os impostos. No telejornal da TVI explicou então como o faria: “Se fizermos as contas ao crescimento económico, daquilo que foi o PIB, temos uma folga de 15 mil milhões de euros. Agora há decisões políticas que se tomam”. Rio diz que alocaria 3,7 milhões à redução de impostos, 3,6 para investimento público e 7 para o reforço da despesa do corrente.

Rui Rio disse mais que uma vez que o importante, e que o separa do PS, é também tornar Portugal economicamente mais competitivo através das suas empresas. É “vital” capitalizar as empresas e para isso é igualmente urgente rever a carga fiscal e a “legislação fiscal que é um emaranhado que ninguém se entende”.