Três meses depois das eleições em Espanha, PSOE e Podemos ainda tentam chegar a um acordo. O PSOE queria levar as negociações a bom porto antes de Pedro Sánchez, líder do partido, apresentar a proposta de governo na cerimónia de tomada de posse como primeiro-ministro, às 12:00 (11:00 de Lisboa). Mas o Podemos ainda não garantiu o apoio. Pode acompanhar aqui a troca de argumentos no Parlamento.

O El País revela que a equipa dos socialistas que está encarregue das negociações tentou durante todo o fim de semana reunir o apoio necessário junto dos 42 deputados do Podemos, mas — apesar de fontes dos dois partidos garantirem ao jornal que tudo corria bem — os negociadores suspenderam os contactos à meia noite de domingo, sem sucesso.

Deixar passar 80 dias sem avançar nas negociações foi, na opinião do El País, uma “estratégia arriscadíssima” que “complica” a tentativa de um acordo entre os dois partidos. Depois de Pablo Iglesias, líder do Podemos, ter abdicado de um cargo no governo nos últimos dias, a possibilidade de um acordo ganhou força, mas o Podemos ainda reclama uma presença no executivo que seja proporcional à sua representação política, exigindo pelo menos cinco ministérios e uma vice-presidência de cariz social, de acordo com a televisão pública espanhola RTVE.

A televisão sublinha que o PSOE estabeleceu como linhas vermelhas as pastas de ministérios de Estado, como a Justiça, o Interior, a Defesa e os Assuntos Exteriores.

Mesmo que chegassem a um acordo histórico esta segunda-feira, PSOE e Podemos apenas conseguiriam em conjunto 165 deputados, abaixo dos 176 necessários para alcançar a maioria absoluta. Haverá, no entanto, uma segunda tentativa na quinta-feira, em que bastará uma maioria simples. Pedro Sánchez terá nessa altura de contar não só com o apoio do Podemos, mas também com abstenções de alguns deputados de outros partidos para que possa evitar um novo escrutínio eleitoral.

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A RTVE indica que as forças independentistas e nacionalistas (ERC, PNV, Juns per Catalunya, EH Bildu e Compromís) não decidiram ainda o sentido de voto, mas já há 151 deputados do PP, Ciudadanos, Vox, Navarra Suma e Coalición Canaria contra o PSOE.

A caminhada de Pedro Sánchez não tem sido fácil, num contexto de instabilidade política. Em 2016, tal como António Costa em Portugal, tentou ser o primeiro político em Espanha a tomar posse como primeiro-ministro sem vencer as eleições. Acabaria, no entanto, por ser recusado pelo Parlamento. Dois anos depois, tornava-se chefe de governo depois de uma moção de censura ao executivo de Mariano Rajoy. E este ano venceu mesmo as eleições de abril, mas sem os votos necessários para uma maioria absoluta.

Uma “grande vitória” de Sánchez (mas não enorme). Como os jornais lêem os resultados das eleições em Espanha