Cerca de duas dezenas de alunos de uma escola oficial alemã com projeto de ensino bilingue marcaram presença em Berlim esta quinta-feira na receção ao Presidente da República português pelo seu homólogo, Frank-Walter Steinmeier, no palácio presidencial.

No segundo dia da visita oficial que realiza à Alemanha, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido com honras militares no Palácio Bellevue, antes de seguir para um encontro a sós com o Presidente da República Federal da Alemanha, no final do qual não foram prestadas declarações à imprensa.

No final da receção oficial, o chefe de Estado português esteve alguns minutos com alunos do 11.º ano de uma escola oficial alemã com um projeto de ensino bilingue, que iniciaram o ano letivo na segunda-feira passada.

Ao lado de Frank-Walter Steinmeier, Marcelo Rebelo de Sousa deu os parabéns a dois alunos que celebravam o aniversário, distribuindo abraços e beijinhos, e trocou breves palavras com a professora Tânia Anselmo, que acompanhou os estudantes. “Eles aprendem muito bem, são muito bons alunos”, respondeu a professora, que está há quatro anos em Berlim, contratada pelo senado alemão para o projeto da “Escola Europeia” e que considerou ser “um grande orgulho” poder levar alunos com raízes portuguesas à visita do chefe do Estado português à Alemanha.

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Segundo explicou a professora de biologia e geografia, “há cada vez mais alunos” interessados no ensino bilingue e a língua portuguesa é uma entre outras opções de línguas latinas naquela escola.

Portugal, Angola, Moçambique e Brasil são alguns dos países de origem dos estudantes daquela escola, que também recebe alunos alemães cujos pais tem interesse em que os filhos aprendam uma segunda língua para além do alemão, disse. Quem escolhe o português fá-lo por “querer manter as suas origens linguísticas”, sendo que há alunos em que um dos progenitores é alemão e o outro é português.

Há também alunos de vários países “falantes de português” e a procura está relacionada “com as vagas migratórias”, disse à Lusa o professor Nelson Pinto, a ensinar português há 20 anos em Berlim.

Sobre o encontro a sós com o chefe de Estado alemão, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dito que os temas em cima da mesa seriam, em primeiro lugar, “ir mais longe” no aprofundamento das relações bilaterais ao nível político e institucional, mas também a nível cultural, científico e comercial.

O Presidente português disse que o futuro da União Europeia seria um tema central na agenda da visita, numa altura em que decorre o processo de formação do novo executivo europeu, após a eleição em julho da ex-ministra alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão.

Está a arrancar uma nova equipa, há decisões ainda a tomar antes do arranque da nova equipa e que são urgentes e prementes para o futuro da Europa e estamos unidos nessa preocupação”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em antecipação do encontro.

Para além do Brexit, a situação mundial, em particular as consequências da “guerra comercial e da guerra de tarifas” entre a China e os EUA nas economias europeias, terão sido também um “tema a discutir”.

“Há efeitos negativos no crescimento da economia no mundo, também se passa na Europa e isto a nós preocupa-nos muito. A ser uma realidade mais do que passageira, significa perspetivas que não são boas”, advertiu, frisando que a posição assumida no quadro da União Europeia é “defender o diálogo e defender o multilateralismo”.

Por outro lado, a “ligação crescente [da União Europeia] a África” e a preparação da presidência da União Europeia, que Portugal assume em 2021, depois da Alemanha, serão também analisados entre Marcelo Rebelo de Sousa e Frank-Walter Steinmeier.

À tarde, Marcelo Rebelo de Sousa desloca-se a Rostock, cidade parcialmente banhada pelo mar Báltico, para participar, a convite do Presidente alemão, na abertura oficial do Festival Marítimo “Hanse Sail 2019”, que decorre anualmente naquela cidade.

Lembrando que no próximo ano se realiza em Portugal, em junho, a conferência das Nações Unidas sobre os oceanos, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a Alemanha mostra que tem também uma ligação ao mar, ponto comum com Portugal, para além de ser “uma realidade fortíssima no continente”.

A segunda visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Alemanha termina na sexta-feira. A primeira realizou-se em maio de 2016 e incluiu reuniões com a chefe do governo alemão, o que não acontecerá desta vez porque a chanceler Angela Merkel está de férias, indicou fonte da Presidência da República.