O Mercedes-AMG One é um dos hiperdesportivos mais ambicionados de 2019, mas tudo indica que vai ser igualmente o mais ambicionado de 2020 e de 2021, pois segundo a revista alemã Auto Motor und Sport (AMS), a Mercedes decidiu atrasar o início das entregas para 2021. De recordar que todas as 275 unidades a produzir já estão vendidas e cada uma delas por cerca de 2,2 milhões de euros, antes de impostos.

Ao que tudo indica, o principal argumento de venda do One converteu-se no seu principal problema e motivo de atraso. Referimo-nos ao motor, herdado quase directamente do F1 da marca, uma unidade que correu em 2015. O pequeno 1.6 turbo V6 com cerca de 640 cv (um pouco menos do que os 700 cv que debita nos F1) recebe o apoio de três motores eléctricos de 160 cv, cuja potência é modulada para atingir pouco mais de 1.000 cv. Tudo isto alimentado por bateria que não deverá ultrapassar os 6 kWh, para garantir 25 km de autonomia em modo 100% eléctrico.

Os segredos e as dúvidas sobre o Mercedes AMG One

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O problema que os técnicos da marca alemã têm procurado superar prende-se com a dificuldade em pôr um motor que foi concebido para ter um ralenti às 4.000 rpm, a respeitar as normas antipoluição (que passam por poluir muito pouco ao ralenti, o que se afigura como uma impossibilidade). A Mercedes “suavizou” o V6, reduzindo o regime máximo de 14.000 rpm para 11.000 rpm, tanto mais que o objectivo era garantir que a mecânica aguentasse um mínimo de 2.000 km antes de ter de refazer o motor. Não estamos a falar de uma revisão, mas sim de uma reconstrução.

Em compensação, o One promete ser exemplar em comportamento, com quatro rodas motrizes, controlo de tracção vectorial e leve, tudo para ser muito difícil de bater em pista, ou numa estrada sinuosa. Os 350 km/h de velocidade máxima podem não ser o seu argumento mais sumarento, mas os 2.7 segundos de 0-100 km/h prometem ser uma referência.

Parto difícil. AMG One atrasado 9 meses pelo motor

De acordo com a AMG, a tarefa de ‘enfiar’ um motor de F1 num supercarro já não era fácil, mas a chegada do WLTP tornou esta tarefa ciclópica. Contudo, depois de vender todas as unidades e receber um volumoso sinal por cada uma delas, a Mercedes tem mesmo de arranjar uma forma de produzir um hiperdesportivo com motor de F1.