Durante a manhã desta segunda-feira, o presidente da Comissão Europeia recordou a Boris Johnson que cabe ao Reino Unido apresentar “soluções legalmente operacionais” e compatíveis com o Acordo de Saída, reiterando a disponibilidade europeia para apreciar se estas são conciliáveis com o backstop. À tarde, o primeiro-ministro luxemburguês apontou para um lugar vazio durante uma conferência de imprensa, na qual Boris Johnson recusou marcar presença, alegadamente, devido aos protestos anti-Brexit no local.

Mas vamos por partes e comecemos por ordem cronológica. “O presidente [Jean-Claude] Juncker lembrou que é da responsabilidade do Reino Unido apresentar soluções legalmente operacionais que sejam compatíveis com o Acordo de Saída. O presidente Juncker sublinhou a permanente disponibilidade e abertura da Comissão para examinar se essas propostas correspondem aos objetivos do backstop“, lê-se num curto comunicado divulgado pelo executivo comunitário após a conclusão do almoço de trabalho entre os dois líderes no Luxemburgo.

A nota recorda que “tais propostas ainda não foram realizadas” e vinca que a Comissão Europeia está disponível a trabalhar “24 horas por dia” para desbloquear o impasse registado no processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

“O Conselho Europeu de outubro será um marco importante no processo. Os 27 mantêm-se unidos”, conclui o comunicado divulgado após aquele que foi o primeiro encontro entre Jean-Claude Juncker e Boris Johnson desde que o britânico assumiu a liderança do Governo daquele país em julho.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Passemos agora à parte da tarde, onde Johnson se reuniu com o homólogo do Luxemburgo.

Boris cancela conferência de imprensa devido aos protestos anti-Brexit

Boris Johnson reuniu-se com o homólogo luxemburguês, Xavier Bettel, na sua residência oficial no seguimento do encontro com Juncker. Estava agendada uma conferência de imprensa conjunta com Johnson e Bettel, mas o primeiro-ministro britânico cancelou-a alegadamente devido aos protestantes anti-Brexit que se reuniram no local e vaiaram a sua presença.

Ainda assim, Bettel realizou a conferência de imprensa, mesmo sem Boris Johnson presente, e chegou a apontar em direção ao lugar vazio do britânico. “Ele tem na mão o futuro dos cidadãos do Reino Unido. É responsabilidade dele. O vosso povo, o nosso povo estão a contar com ele”, declarou o governante do Luxemburgo.

Eis o grupo de manifestantes que vaiou Boris Johnson e o momento em que Bettel inicia a conferência de imprensa sozinho:

Boris: “Tenho a intenção de participar na cimeira decisiva de 17 de outubro”

Bruxelas tem-se mostrado aberta a debater qualquer proposta apresentada por Londres, desde que esta respeite as diretrizes negociadores da União Europeia e seja “legal e viável”, incluindo eventuais novas soluções para o mecanismo de salvaguarda, comummente conhecido por backstop, desenhado para evitar o regresso de uma fronteira física na ilha da Irlanda.

Na quinta-feira, o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, que também participou no almoço de trabalho desta segunda-feira, já tinha reconhecido que, até ao momento, o Reino Unido não tinha apresentado qualquer nova proposta para desbloquear o impasse registado a pouco mais de um mês da data do Brexit, agendado para 31 de outubro.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tem-se manifestado convicto de que é possível conseguir alterações ao Acordo de Saída firmado em novembro por Bruxelas e a sua antecessora, Theresa May, nomeadamente substituir o backstop, e obter um acordo até ao Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro.

“Se forem registados progressos suficientes nos próximos dias, tenho a intenção de participar na cimeira decisiva de 17 de outubro e de finalizar um acordo que proteja os interesses das empresas e dos cidadãos dos dois lados da Mancha e os dois lados da fronteira irlandesa”, escreveu numa coluna de opinião publicada no domingo no Daily Telegraph.

Se não conseguir um acordo até 19 de outubro, nem conseguir autorização do parlamento para uma saída sem acordo, terá de cumprir a lei promulgada na segunda-feira que obriga o governo a pedir um adiamento da saída por três meses, até 31 de janeiro.

Os restantes 27 Estados membros da UE têm depois de concordar unanimemente com uma extensão do processo.

Artigo atualizado às 16h00 com a informação de que Boris Johnson cancelou a conferência de imprensa