A TAP registou um prejuízo de 119,7 milhões de euros no primeiro semestre do ano. A penalizar os resultados estiveram a queda de receitas no mercado brasileiro, que se traduziu em menos 43,1 milhões de euros, com a transportadora a atribuir um papel importante à instabilidade política e económica que se viveu no Brasil, sobretudo no primeiro trimestre, que equivale aos primeiros três meses do mandato do presidente Bolsonaro.

Outro fator que pesou nos resultados foi o aumento dos custos com pessoal. Esta fatura subiu 10,6% face ao mesmo período do ano passado, uma evolução que a empresa explica com contratações e aumentos salariais.

Apesar de destacar que os primeiros seis meses do ano foram marcados por “um período globalmente negativo para a aviação comercial na Europa”, a TAP também sublinha que o grosso das perdas foi verificado no primeiro trimestre, no montante de 110,7 milhões de euros. No segundo trimestre houve uma tendência de recuperação, com os prejuízos a cifrarem-se em nove milhões de euros.

No mesmo período do ano passado, o grupo TAP teve perdas de 70 milhões de euros, mas a empresa mudou as normas contabilísticas no início deste ano e os valores não são comparáveis. Mas as perdas são maiores que as verificadas em todo o ano de 2018, e que ascenderam a 118 milhões de euros.

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Apesar do aumento do número de passageiros em 4,8% até junho, as receitas caíram 7,2%, com os rendimentos dos transporte aéreo de passageiros a recuarem 8,1%. A gestão da TAP assina que esta queda foi mais sentida  no primeiro trimestre quando as receitas foram “impactadas pela instabilidade política e económica que afetou o Brasil”. Este período o início do exercício do mandato do presidente Jair Bolsonaro. ” O efeito Brasil reduziu-se no sentido trimestre”, com as receitas a crescer 6,2%, diz o relatório, mas continua a apontar para a “manutenção do clima da instabilidade económica e política no Brasil”.

O destino brasileiro foi também afetado pelo abrandamento económico e que queda do real face ao euro, mas continua ser o principal mercado da TAP onde a companhia mantém a sua aposta. Estados Unidos foram um dos destinos que permitiu compensar a queda de receitas em toda a América Latina.

A empresa liderada por Antonoaldo Neves realça também a recuperação ao nível da participada para a manutenção no Brasil que obteve uma margem positiva de três milhões de euros.

A TAP é detida em 50% pelo Estado e os outros 50% são privados, mas a gestão é liderada pelo consórcio Gateway de David Neeleman, um empresário americano que é dono de uma companhia brasileira, a Azul. A gestão privada tem manifestado vontade de abrir o capital da companhia em bolsa, uma operação que só pode ser feita com o aval do Estado. E o Governo tem mostrado descontentamento público com a gestão privada da companhia. Primeiro, por causa dos prejuízos de 2018, depois por causa da polémica dos prémios pagos a alguns quadros da TAP à revelia dos representantes do Estado no conselho de administração.

Em junho, a empresa fez uma emissão obrigacionista que foi parcialmente colocada junto de investidores privados. A operação permitiu reforçar a tesouraria da TAP que no final do primeiro semestre era de 393,5 milhões de euros.