O Bloco de Esquerda está empenhado em crescer e para isso precisa de eleger mais deputados nos círculos eleitorais onde tem menos representação. Um dos distritos em que o partido deposita mais esperanças é o de Aveiro. Há quatro anos o BE ficou a 117 votos de eleger um segundo deputado. Agora, e tendo como reforço o bom resultado das europeias, ficando em terceiro lugar com 9,4% dos votos aveirenses, os bloquistas acreditam que é possível subirem a representação no distrito. Esta noite, no jantar-comício do BE, Catarina Martins e Moisés Ferreira, cabeça-de-lista por Aveiro, assumiram ambos esse objetivo. “Vamos eleger o Moisés e vamos eleger o Nélson [Peralta]“, afirmou a líder bloquista.

Para atingir as várias metas que foi estabelecendo para os diferentes distritos – já o fez em Lisboa, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu -, Catarina Martins aposta sempre na mesma mensagem: apelar ao reforço da votação do BE e pedir que se impeça a maioria absoluta do PS. Apresenta o Bloco como sendo sinónimo de estabilidade e de “contas certas”, para falar mais ao centro, mas surge reivindicativa nas causas de sempre como o partido de esquerda capaz de controlar os impulsos mais à direita do PS.

Esta mensagem tem um alvo claro: o eleitorado de esquerda que gosta da “geringonça”. Mas também um outro, a quem a líder do Bloco de Esquerda se dirigiu diretamente esta noite, no jantar-comício do partido em Aveiro: os indecisos ou os abstencionistas. “Há muita gente que vem dizer que não quer a maioria absoluta. Mas há quem ainda não tenha decidido“. E era para esses que a bloquista tinha uma mensagem guardada. “Que ninguém fique em casa, cada voto vai decidir como será a próxima legislatura. E o voto no BE pode mudar tudo o que será a próxima legislatura”, afirmou, levantando o volume a que falava a cada palavra, para reforçar a vontade que o partido tem de conquistar cada um desses votos.

A líder do BE quer continuar a exibir a experiência dos últimos quatro anos como currículo e não como cadastro — “não acabou nada com esta legislatura: começámos só a viragem” –, uma vantagem sobre o discurso do PS para quem quer uma segunda versão desta solução. “Andámos muito, mas ainda temos tanto para andar. Cada voto, no dia 6 de outubro, vai fazer a diferença”, concluiu a líder do Bloco de Esquerda, que fechou a parte dos discursos deste jantar-comício.

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Falaram apenas os dois primeiros candidatos pela lista do BE no distrito — os tais que o partido quer eleger — e Catarina Martins. Ao contrário do que é costume nos bloquistas não houve nem mais dirigentes nem históricos membros do partido a usar a palavra. Apenas a líder, Moisés Ferreira e Nélson Peralta.

O cabeça-de-lista por Aveiro, à semelhança do que Catarina Martins fez no domingo em Viseu, chegou mesmo a assumir que o objetivo é conquistar o segundo deputado ao CDS, reduzindo o partido de Cristas apenas a um eleito neste círculo — que seria, neste cenário, João Almeida. “O distrito vai ficar muito melhor sem deputados do CDS e com mais deputados do Bloco de Esquerda”, adiantou. Uma ideia que voltaria a usar mais tarde, com uma formulação mais causa-efeito: “Menos deputados no CDS significa mais deputados do BE”.

O deputado bloquista replicou ainda os argumentos da líder, defendendo que a “maioria absoluta é um empecilho” e referindo que o BE é a proposta de “estabilidade”.