Água mole em pedra dura tanto bate até que fura, e quando furou permitiu a entrada não de um, mas de três novos partidos — Chega, Iniciativa Liberal e Livre —, já depois de o PAN o ter conseguido, em 2015. Os partidos de menor dimensão, incluindo os que não conseguiram eleger, acumularam 549.244 votos nestas eleições, 10,78% dos cerca de 5 milhões de votantes (face a 7,09% em 2015), dispersos por 16 forças políticas. O aumento de votos nos partidos não habituais é substancial, com mais 167 mil do que nas eleições de 2015. Este aumento é ainda mais relevante porque votaram menos 288 mil eleitores do que há quatro anos. O grande destaque vai para o PAN, que obteve 166.854 votos (3,2% do total) e tem agora quatro deputados, apenas menos um do que o CDS.

Nesta eleição, entraram tantos partidos novos quanto em todas as legislativas desde 1985: Chega (com 66.442 votos, 1,3%), Iniciativa Liberal (65.545, 1,29%) e Livre (55.656, 1,09%), estreiam-se no Parlamento com um deputado cada, todos por Lisboa.

O distrito da capital tem sido, aliás, a porta de entrada de novas forças políticas na Assembleia da República — foi assim também com o PAN, em 2015, o Bloco de Esquerda, em 1999, e o Partido da Solidariedade Nacional, em 1991. Antes disso, só o fenómeno PRD, apoiado por Ramalho Eanes, conseguiu uma nova entrada no Parlamento, em 1985, e logo com 45 deputados.

Além de mais votos, nestas eleições houve também maior aproveitamento entre os mais pequenos — os partidos que não conseguiram qualquer assento parlamentar acumularam 194.777 votos, muito menos do que os 307.202 de 2015.

Fora do Parlamento ficaram Aliança (39.316, 0,77%), de Santana Lopes; RIR (34.638, 0,68%), de Tino de Rans; PCTP/MRPP (34.572, 0,68%); PNR (15.272, 0,3%); MPT (11.622, 0,23%), Nós Cidadãos (11.239, 0,22%); PURP (10.424, 0,2%); JPP (9.945, 0,2%); PDR (9.217, 0,18%), de Marinho e Pinto; PPM (7.875, 0,15%); PTP (7.499, 0,15%) e MAS (3.158, 0,06%).

Artigo atualizado às 9:45

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