A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla em inglês) defendeu esta quarta-feira uma solução política para o conflito na Síria, instando a Turquia a concentrar-se no combate ao reaparecimento do grupo extremista do Estado Islâmico.

O conflito sírio estará em foco na reunião de ministros da Defesa da Aliança Atlântica, que decorre na quinta-feira em Bruxelas, mas já esta quarta-feira o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, falou sobre o assunto em conferência de imprensa na capital belga, afirmando que “os recentes desenvolvimentos demonstram a necessidade urgente de uma solução política” na Síria.

Em declarações prestadas aos jornalistas duas semanas após a Turquia ter invadido o nordeste da síria, numa ofensiva contra as forças curdas do país, Jens Stoltenberg referiu que “é importante garantir que os extremistas serão derrotados”.

“Entendemos que a luta contra o [grupo extremista] Estado Islâmico não acabou, eles ainda podem voltar”, avisou o responsável.

Entretanto, esta terça-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a Turquia e a Rússia alcançaram um acordo pelo qual as forças curdas da Síria vão recuar 30 quilómetros a partir da zona fronteiriça do nordeste da Síria, de forma a partilhar o controlo desta zona.

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A Rússia, principal aliado de Damasco, posiciona-se como árbitro entre a Turquia e a Síria, numa altura em que os Estados Unidos se retiraram da região.

Questionado esta quarta-feira sobre este acordo, Jens Stoltenberg considerou ser “um pouco cedo para o avaliar”.

A Turquia lançou a 9 de outubro uma ofensiva contra a milícia curdo-síria Unidades de Proteção Popular (YPG), que considera terrorista, mas que foi apoiada pelos países ocidentais na luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico.

Ancara interrompeu a operação na semana passada após um acordo com os Estados Unidos que previa a retirada das YPG de uma faixa de 30 quilómetros de largura e 120 de comprimento junto à fronteira turca, entre as cidades de Tal Abyad e Ras al-Ayn.

Na terça-feira, a Turquia indicou que não iria retomar a operação militar na Síria, dado as forças curdas se terem retirado das zonas fronteiriças.

O acordo com a Rússia prevê a retirada das YPG do resto da fronteira turca entre o rio Eufrates e a fronteira iraquiana no prazo de 150 horas a partir das 9h TMG (10h em Lisboa) desta quarta-feira.

Ancara controlará a referida faixa entre Tal Abyad e Ras al-Ayn e o acordo não evoca qualquer data de retirada dos turcos.

No caso dos setores junto aquela faixa, após a retirada das forças das YPG — que deve ser “facilitada” pela polícia russa, incluindo em Minbej onde os russos e os sírios já estão —, vão circular patrulhas conjuntas turco-russas.

O acordo prevê também um esforço conjunto para facilitar o regresso de refugiados.

A Turquia, que acolhe 3,6 milhões de refugiados sírios, deu como uma das razões para a criação da zona de segurança visada pela ofensiva no norte sírio o regresso de cerca de dois milhões daqueles refugiados ao seu país.

A invasão turca do norte da Síria já provocou dezenas de mortos e milhares de deslocados e refugiados entre a população civil.