Foi um Jorge Jesus rouco que falou aos jornalistas depois da goleada histórica ao Grémio que atirou o Flamengo para a  final da Taça dos Libertadores, onde o treinador tem os olhos postos:

“Vamos estar na final. Foi importante chegar à final, mas o mais importante é ganhar a final“, disse o treinador, durante a conferência de imprensa, onde começou por pedir desculpa por estar quase sem voz — “não estou emocionado, estou rouco”, acrescentou mais tarde.

O Flamengo irá enfrentar o River Plate, da Argentina, no próximo dia 23 de novembro em Santiago (Chile).

A evangelização do Maracanã pelo dedo de Jesus, que faz história pelo Flamengo com uma goleada (histórica)

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Esta é já a terceira final de Jesus numa competição internacional: das duas vezes que foi com o Benfica à final da Liga Europa, saiu derrotado.

É verdade que esta é a minha terceira final, muito importante. Já tive duas, perdi as duas, uma por grandes penalidades e outra aos 92 minutos— não me esqueço —, uma como Chelsea, outra com o Sevilha. Vamos ter a terceira, só perde e só ganha quem lá chega. Quem não chega às finais, nunca vai perder e só ganha quem também lá chega. Entre a tristeza e a satisfação, estas duas situações estão próximas. Em Portugal também costumamos dizer que quando se vai a uma final é para ganhar e queremos ir para essa final, com todo o respeito pelo nosso adversário, [para] ganhá-la.”

O facto de o jogo ser disputado em “campo neutro” não assusta o português. “Eu estou habituado que todas as finais sejam em campo neutro. (…) É muito mais apaixonante, muito mais interessante (…).”

Relativamente à goleada frente ao Grémio, o técnico disse que não esperava uma vitória destas, mas não tinha dúvidas de que o Flamengo sairia vencedor. “Sabíamos que, com maior ou menor dificuldade, íamos ganhar esta eliminatória porque a equipa está muito confiante. Em quatro meses, esta equipa está praticamente a jogar de olhos fechados e temos muita confiança.”

Revelou ainda que estou o adversário “ao pormenor (…) no posicionamento, nos cantos”. “Eu disse: “Hoje vamos fazer golos de canto fácil” antes de acontecer e fizemos.” Algo que tem vindo a fazer ao longo da sua carreira, recordando o Benfica, acrescentou. “Onde chegamos, fazemos isto em todas as equipas por onde passamos. Cheguei a uma grande equipa em Portugal tipo Flamengo, não ganhava títulos e desde a nossa chegada, começou a ganhar. Hoje é o número um do futebol português.”

Jorge Jesus agradeceu aos jogadores e à “torcida do Flamengo”, descrevendo-os como “únicos”, “diferentes” e “apaixonados”.

“Vamos hoje e amanhã desfrutar deste grande jogo, os jogadores estão de parabéns e a partir de sexta-feira temos de começar a pensar no próximo jogo que é muito importante também para o campeonato nacional.”

O treinador português aproveitou ainda para agradecer a Marcos Braz, vice-presidente do Flamengo, — com a sua “costela de português” —, por ter acreditado nele. “Se hoje estou aqui, quero agradecer como é óbvio ao Flamengo, mas à primeira pessoa que eu sei que fez muita força, porque foi ele que acreditou em mim, porque tem uma costela de português, Marcos Braz. ”

Jorge Jesus aproveitou ainda para deixar uma mensagem a Portugal: “Para Portugal, também saudar-vos porque sei que lá este jogo foi transmitido à 1h da manhã, [eram] 3h da manhã quando acabou e sei que os picos de audiência em todas as televisões foi top. Também para os meus conterrâneos, uma grande abraço e obrigado.

“Até uma mulher grávida” marcava ao Grémio

O treinador do Grémio não escondeu a sua desilusão face à derrota contra o Flamengo. Renato Gaúcho reconheceu que a equipa não esteve no seu melhor, reconhecendo que o adversário “mereceu a vitória”.

“Jogámos muito abaixo do que sabemos e podemos, hoje até uma mulher grávida marcava ao Grémio… O Flamengo mereceu a vitória, mas todas as hipóteses que tiveram fomos nós que concedemos. Eles souberam aproveitar”, afirmou Gaúcho.