Depois da notificação em carta registada da Direção do Sporting para que as claques Juventude Leonina e Directivo Ultras XXI abandonassem as respetivas sedes, a receção da equipa de futebol ao V. Guimarães, este domingo em Alvalade, era aguardada com expectativa também fora do relvado – porque fazendo as contas, confirmando-se os cinco dias de “aviso” e não havendo qualquer tipo de medida legal em contrário, este poderá ter sido o último jogo em casa ainda com esses mesmos espaços abertos. No entanto, já no sábado houve um episódio que mostrou bem o clima de guerrilha que se vive fora de campo e que está longe de conhecer um fim.

Durante o jogo de voleibol do Sporting com o Leixões, no Pavilhão João Rocha, e já depois de uma altercação que motivou a deslocação da pequena falange de apoio do conjunto de Matosinhos para outra bancada, a polícia, a pedido de um elemento da Direção do clube, foi chamada ao topo sul onde costumam estar as claques para que os (poucos) elementos presentes nessa partida deixassem de exibir as t-shirts em alusão aos dois grupos organizados de adeptos verde e brancos que viram o protocolo ser quebrado há precisamente uma semana.

Juntando a isso as pinturas na zona que separa o piso A do piso B que apagaram os nomes de “Juventude Leonina” e “Directivo Ultras XXI”, as conversas constantes com as forças policiais e a própria ordem de despejo, a Direção do Sporting está a levar ao limite este diferendo com as claques tendo como “gatilho” principal os episódios ocorridos no jogo de futsal do conjunto verde e branco com os Leões de Porto Salvo. E, frente ao V. Guimarães, os assobios da maioria dos presentes quando foi entoado pela primeira vez o cântico contra Frederico Varandas, quase que “legitimaram” a posição. Ainda assim, também existe o outro lado da “barricada”.

Este sábado, o Directivo Ultras XXI já tinha contestado a decisão em duas perspetivas: por um lado, e de acordo com o protocolo que considera estar ainda em vigor em termos legais, existe um prazo de 30 dias para que esse processo de saída seja consumado e não cinco, como defendia a notificação; por outro, considera que o espaço que ocupa atualmente em Alvalade não pertence nem ao Sporting nem à SAD. “Caso alguma das referidas entidades pratique, de forma ilegal, atos tendentes ao esbulho violento do referido espaço, no sentido de se apropriarem ilegitimamente do mesmo, esta Associação agirá em conformidade, recorrendo aos meios legais ao seu dispor para fazer cessar, cautelar e definitivamente, a violação dos seus direitos”, defendeu.

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Já a Juventude Leonina reagiu através de um pequeno texto no Instagram oficial este domingo. “Os dirigentes passam mas nós estamos sempre cá e continuaremos a estar. Quem nos tenta derrubar só perde tempo em tentar! Sporting sempre!”, escreveu antes de um encontro onde foi notória mais uma vez a presença de elementos que fizeram parte da claque nos seus primeiros anos de existência, a denominada “Velha Guarda”.

À semelhança do que já tinha acontecido na partida com o Rosenborg, a impossibilidade de levar tarjas para o interior do recinto acabou por ser contornada com t-shirts de uma letra só que, juntas, faziam “Juventude Leonina” e houve ainda duas bandeiras alusivas à claque que conseguiu entrar na bancada. A contestação, essa, começou ainda com o jogo a decorrer mas foi rapidamente abafada por outros setores do estádio. Seguiu-se outro momento muito assobiado, quando já depois de ter sido acendida uma tocha e um pote de fumo na bancada, essa tocha foi atirada para o relvado, o que motivou um comunicado. “O Sporting lamenta profundamente que tenha sido atirada uma tocha para o relvado para junto do guarda-Redes Renan e que tenham sido usados fumos no sector A16. É um comportamento que viola a lei e os regulamentos e que, uma vez mais, penaliza o Sporting em razão das multas que, uma vez mais, terão de ser pagas pelo clube”, argumentou.

Mas houve mais alguns pormenores em Alvalade que voltaram a mostrar que esta espécie de guerra civil veio mesmo para ficar: além de ter sido introduzida uma faixa de fundo negro com a palavra “Ditador”, foram ainda distribuídos alguns autocolantes com a frase “Varandas Out” e viram-se adeptos com cachecóis com a inscrição “A culpa é do Varandas”. No final, perante a música bem alta nas colunas como acontecera na quinta-feira, houve quem levasse ainda um medido de decibéis para provar que o volume está acima do estabelecido.

Para acabar a noite, houve ainda mais um foco de “polémica” a envolver Jesé Rodríguez: foi divulgado através da conta oficial do Sporting no Twitter um vídeo do espanhol a dançar em pleno balneário de tronco nu, o que levou não só a elogios por parte dos adeptos leoninos mas também a críticas pela celebração quase que se fosse um triunfo na Champions, o que terá levado a um desconforto por parte de outros associados.