Três em cada quatro portugueses utilizam o telemóvel enquanto conduzem, apurou um estudo da Liberty Mutual. É a maior percentagem verificada entre os seis países sondados para o estudo “Global Driving Safety”, que entrevistou mais de cinco mil europeus (Portugal, Espanha, França, Irlanda, Reino Unido) e de três mil norte-americanos. São os millennials — nascidos durante os anos 80 e 90 — quem mais usa o telemóvel na estrada.

O documento publicado esta quarta-feira concluiu que, entre os mil portugueses inquiridos, 69% não resiste a olhar para o telemóvel para espreitar mensagens e chamadas enquanto conduz. Mais de metade explora as notificações, um quarto lê e-mails (embora apenas 19% responda a esses e-mails e a mensagens), outro quarto envia mensagens de áudio e 20% utiliza ativamente outras aplicações. O estudo descobriu ainda que 18% dos condutores portugueses utiliza as redes sociais na estrada.

Só mesmo 13% dos portugueses inquiridos garantem que colocam o telemóvel fora do alcance durante a viagem de carro. Mas apenas nove em 100 ativa o modo silencioso enquanto está no carro — 73% mantém os avisos sonoros ativos e 18% deixa o dispositivo em modo vibração, pode ler-se no estudo “Global Driving Safety”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em termos geracionais, são os nascidos durante os anos 80 e 90 os que menos desligam do telemóvel quando conduzem — 83% deles usa o telemóvel no carro, indica o relatório. Porquê? “A geração millennial já cresceu com estes aparelhos e a principal razão para usarem o telemóvel enquanto conduzem é porque têm medo de perder alguma informação importante ou de só terem acesso à mesma tarde demais”, justifica Mike Sample, especialista em segurança de condução e consultor técnico da Liberty Mutual. É o chamado FOMO – Fear Of Missing Out ou, em português, “Medo de Estar a Perder”.

No entanto, este problema não é exclusivo desta geração. O estudo também indica que 76% dos inquiridos da geração X (nascidos nos anos 60 e 70) e 62%dos baby boomers (entre 1946 e 1964, na ressaca da II Guerra Mundial) seguem o mesmo tipo de comportamento.

O sistema de mãos livres em nada aumenta a segurança rodoviária, indica um estudo paralelo — o E-Survey of Road. Após entrevistarem mais de 35 mil pessoas, incluindo quase mil portugueses, os cientistas descobriram que 37,4% dos portugueses falaram ao telemóvel segurando-o na mão e 65,7% fizeram as chamadas com o sistema de mãos livres. São valores acima da média europeia — 28,6% no primeiro caso e 47,7% no segundo.

Mas nenhuma das opções é segura, alerta José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, em comunicado de imprensa. É que “apesar de ser legal”, a utilização do sistema de mãos livres “não tem vantagens significativas em relação a falar com o telemóvel na mão, uma vez que a distração cognitiva que provoca — o tipo de distração que mais influencia negativamente a condução — é semelhante à provocada por falar com o telemóvel na mão”, explica.