Não são os cidadãos com mais posses que mais contratam seguros de saúde em Portugal, noticia esta quarta-feira o Jornal de Notícias. As classes média e baixa têm 72% das apólices, mesmo estando 60% isentos de taxas no Serviço Nacional de Saúde. Mas os longos tempos de espera levam as pessoas a procurar este tipo de produtos financeiros.
Segundo dados da Marktest citados pelo Jornal de Notícias, nunca houve em Portugal uma percentagem tão elevada de portugueses com seguros de saúde: cerca de 31% da população. Serão cerca de dois milhões e 758 mil pessoas que beneficiavam de apólices (em setembro).
E são as classes média, média baixa e baixa que mais contratam seguros, apesar de 60% da população estar isenta de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Faro, Setúbal e Lisboa e Vale do Tejo são as zonas com mais população coberta por seguros e com menor cobertura por médicos de família e tempos de espera mais elevados para consultas de especialidade e cirurgias no SNS.
Miguel Gouveia, economista e investigador da economia da saúde, diz ao Jornal de Notícias que “quem tem mais dinheiro não tem problemas em pagar um especialista no privado”. “Os mais pobres procuram proteção para situações catastróficas, como cirurgias, que não pagariam no SNS, mas têm elevados tempos de espera”, indicou, recordando que há “estudos feitos no Reino Unido, cujo SNS é semelhante ao nosso, que indicam que o setor privado e os seguros crescem onde há desinvestimento no SNS”.