Em 2006, há 13 anos, o Moto GP conheceu Casey Stoner, um magro e loiro piloto australiano que no ano anterior tinha sido vice-campeão na segunda categoria do motociclismo. Na altura com 21 anos, subiu ao mais alto degrau da modalidade pela mão da Honda e assistiu na primeira fila ao final de uma era: em 2006, Nicky Hayden foi campeão do mundo e encerrou um ciclo de cinco temporadas consecutivas em que Valentino Rossi foi dono e senhor do Moto GP.

No ano seguinte, era a vez de Casey Stoner atrapalhar Rossi. Depois de trocar a Honda pela Ducati, o australiano venceu o Campeonato do Mundo com uma vantagem de mais de 100 pontos para o segundo classificado, o espanhol Dani Pedrosa. Voltou a ser campeão em 2011, depois de perder os três títulos no meio para Rossi e Lorenzo, e retirou-se de forma surpreendente no final da época seguinte, com apenas 26 anos. Os motivos foram simples: já não se entusiasmava com a competição, já não conseguia partir alegre para cada um dos Grandes Prémios e queria passar mais tempo com a família. Além disso, estava ainda cansado da constante política do Moto GP, da burocracia que envolve a modalidade e das críticas recorrentes, já que nunca foi um favorito dos adeptos e nunca conseguiu esconder o desagrado sempre que era interpretado como arrogante ou antipático.

Com Valentino Rossi, com quem lutou pela conquista do Mundial durante algumas temporadas

Sete anos depois, e após rejeitar múltiplas vezes qualquer hipótese de um eventual regresso, Casey Stoner parece ter deixado pistas que explicam que o surpreendente fim da carreira pode não ter sido apenas pelos motivos que apresentou na altura. Numa entrevista ao podcast “Rusty’s Garage”, o piloto australiano revelou que sofre de síndrome de fatiga crónica, uma doença que o impede de praticar qualquer desporto — seja motociclismo ou tiro ao arco, o hobbie que descobriu quando deixou as motas. “Não ando de kart há mais de um ano. Já não tenho energia para o fazer. Não tenho energia para pilotar, se quiser fazê-lo depois tenho de passar uma semana inteira no sofá. Não posso fazer as coisas de que desfruto muito. Tem sido frustrante. Não faço tiro com arco há provavelmente dez meses”, confessou Stoner, cujas declarações se tornam particularmente dramáticas se tivermos em conta que tem apenas 34 anos.

“Tenho um problema em que as minhas costelas saem do sítio com frequência e estão conectadas com as vértebras. Saem do lugar e isso destrói-me as costas. Já tenho fugas nos discos intervertebrais. A pressão nos discos faz com que percam um pouco de líquido, que acaba por fazer pressão sobre o nervo e provoca espasmos. E quando isso acontece tenho de deixar passar uma semana até que possa voltar a carregar algum peso”, explicou o australiano, que em 2009 chegou a falhar três corridas devido àquilo a que, na altura, chamou dor crónica. Casey Stoner não circula em pista e em velocidade desde janeiro do ano passado, altura em que fez um teste com a Ducati em Sepang, na Malásia.

“A primeira vez que estive em cima de uma mota desde aquele teste em janeiro do ano passado foi apenas há um par de semanas, nos Estados Unidos, no meu aniversário. Dei umas voltas. Nem sequer acelerei mas afetou-me o suficiente”, explicou o antigo piloto, acrescentando ainda que tem melhorado nos últimos meses mas que a hipótese de andar de mota de forma regular está ainda muito distante no horizonte. “Melhorei nestes últimos meses com alguns medicamentos novos que estou a tomar mas ainda não estou perto de voltar a treinar e a sair e a fazer coisas. Pelo contrário, ainda ficou no sofá durante uma semana, mais ou menos, pelo menos quatro ou cinco dias. O que também não é fácil para a minha mulher”, concluiu Casey Stoner.

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