O B. Dortmund não gostou muito da ideia mas já sabia que era um cenário altamente provável: dependente do que se poderia passar em Milão para garantir a qualificação para os oitavos da Liga dos Campeões, os germânicos até gostariam de ver uma equipa inicial semelhante à que defrontaram na última jornada em Camp Nou mas nem de perto nem de longe encontraram isso. Porque não havia Ter Stegen, não havia Piqué, não havia Jordi Alba, não havia Busquets, não havia Frenkie De Jong, não havia Luis Suárez. Sobretudo, não havia Lionel Messi.

“Disfruta do Camp Nou, pequeno”. Ansu Fati tem 16 anos, nasceu na Guiné-Bissau e é o mais novo a jogar pelo Barcelona desde 1940

“Vimos de grandes jogos e, tendo em conta as partidas que temos pela frente, decidi que não viria a este encontro”, já tinha alertado na véspera Ernesto Valverde, falando do argentino. Oito anos depois, o número 10 voltava a não estar num jogo a contar para a Champions por opção técnica. O resto, contam os números: Messi leva um total de 140 encontros na principal prova europeia com 114 golos, sendo que perdeu 36 (cerca de 20%) por lesão, descanso ou inclusive compromissos das seleções. E desde que voltou a cumprir 90 minutos após problemas físicos no início da época, com o Inter no início de outubro, leva 14 golos em 12 jogos entre Liga e Champions. Assim, era em Griezmann que recaíam todas as atenções em termos ofensivos, fazendo dupla com Carles Pérez.

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Carles Pérez destacou-se, marcou o primeiro golo na estreia nas provas europeias (no minuto em que assegurou a passagem automática para o conjunto principal do Barcelona) e teve nos pés o segundo, isolado. Griezmann, nem por isso: o francês voltou a ser uma sombra do jogador que se destacava no Atl. Madrid e foi controlado de forma facil pelo melhor amigo e antigo companheiro, Diego Godín. Depois, entrou Ansu Fati, o prodígio lançado este ano pelos catalães e que não demorou a ganhar a alcunha de “futuro Messi”. Substituiu Pérez aos 85′, marcou aos 86′ e tornou-se o mais novo de sempre a marcar na Liga dos Campeões poucos dias depois de ter renovado um contrato que, quando fizer 18 anos (31 de outubro de 2020), passará a ter uma cláusula de 400 milhões de euros.

Lukaku deixou o primeiro aviso à baliza de Neto logo nos minutos iniciais depois de uma boa incursão do Barça sem conclusão e Biragi obrigou o guarda-redes habitualmente suplente a uma defesa apertada para manter o nulo. No entanto, seriam os catalães a inaugurar o marcador numa das poucas falhas defensivas de um sistema de três defesas montado por Conte com grande fiabilidade ao longo da época, com Pérez a aproveitar um corte infeliz de Godín para fuzilar de pé esquerdo (24′). A noite foi mesmo mágica para o avançado que trocou em 2012 a formação do rival Espanyol pelo Barcelona porque não só marcou na estreia europeia como garantiu o lugar como jogador de equipa A por fazer 45 minutos em pelo menos sete jogos ou o equivalente a isso.

Os nerazzurri acusaram a desvantagem, ainda para mais sabendo que em Dortmund o Borussia vencia por 1-0 com golo de Jadon Sancho logo aos 10′, mas já depois de uma boa oportunidade de Lautaro Martínez (35′), o argentino voltou a justificar o interesse do Barcelona (e aparentemente do seu ídolo, Messi) e trabalhou bem para o remate feliz de Lukaku, ainda a desviar num defesa contrário, que fez o empate apenas um minuto depois do Slavia Praga ter igualado também na Alemanha, colocando as contas do grupo na “estaca zero” ao intervalo.

No segundo tempo, apesar de um remate de Griezmann para defesa fácil de Handanovic numa das poucas ações em que apareceu, Lukaku teve nos pés a oportunidade mais flagrante no primeiro quarto de hora, aproveitando mais um erro de Todibo para obrigar Neto a nova grande intervenção (59′), adiantando também em demasia a bola num lance em que surgiu sozinho na área após uma perda comprometedora de Umtiti (63′). Na Alemanha, o B. Dortmund voltava para a frente do marcador (Brandt, 61′), em Itália Valverde lançava em campo Luis Suárez e Frenkie De – as notícias eram tudo menos boas para a formação transalpina a meia hora do final e pior ficariam depois da entrada de Ansu Fati, que decidiu o encontro com um remate colocado de fora da área (86′).