É o sprint final numa campanha que, genericamente, se fez a meio gás. Prestes a terminar a volta pelas distritais (Lisboa e Porto ficaram para o fim), Rui Rio já está em fase de “votos”. Que é como quem diz, em fase de pedir desejos. Mas, desta vez, não pede para ganhar, embora se presuma que seja essa a sua vontade, pede, isso sim, para que “o ato eleitoral seja democrático” e, sobretudo, “seja limpo”. O recado vai direitinho para a Madeira.

É que quando Rio se preparava para chegar à sala do hotel de Lisboa, o PSD Madeira fazia saber que, quer Rio queira, quer não queria, não vai aceitar a imposição de que só os militantes com as quotas pagas segundo as novas regras possam votar nas diretas de sábado. A decisão foi tomada esta terça-feira na reunião da comissão política regional, e, segundo as contas da direção regional, estarão em condições de votar 2500 militantes da Madeira. Muito mais do que os 104 que, segundo os dados do site do partido, estão com a situação regularizada.

Em causa está o modo de pagamento das quotas, que deve ser por transferência bancária, débito ou vale postal, conforme o regulamento aprovado no Conselho Nacional do PSD, enquanto a maioria dos militantes na Madeira paga as quotas diretamente na sede.

As regras têm de ser iguais para todos, em todo o continente e regiões autónomas”, disse Rio, antevendo desde logo um braço de ferro com Miguel Albuquerque. E rematou: “Espero que este seja um ato limpo em que se respeitem as regras”. A notícia da Madeira tinha acabado de chegar mas Rui Rio não a deixou passar despercebida no final do discurso que fez esta noite num hotel de Lisboa, numa sessão que funcionou como uma espécie de dois em um: encontro com militantes de Lisboa e apresentação formal da moção estratégica.

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Aproveitando o facto de estar em Lisboa, Rui Rio deu especial destaque àquele que deve ser um dos “grandes eixos de atuação do PSD nos próximos dois anos”: as eleições autárquicas, onde pela primeira vez admitiu que, no caso particular da câmara de Lisboa, o PSD deve ter a “ambição de ganhar”. Na moção de estratégica, Rio já falava num “resultado vitorioso” nas autárquicas, embora antes tenha sido sempre mais cauteloso ao pedir mais câmaras, mais autarcas, mais vereadores, mas sublinhando sempre que é difícil passar de dois cenários maus para o PSD (em 2013 e 2017) para um cenário em que o PSD ganha a maioria das câmaras.

Em Lisboa, contudo, o objetivo pode mesmo ser “ganhar”. Mas para isso, Rio deixa um aviso: “Temos é de nos saber comportar”, disse. “Não podemos escolher o amigo ou a amiga, temos de escolher quem seja competente e leal”, disse, dando o exemplo do que se passou em Sintra em 2013, quando o PSD decidiu não apoiar Marco Almeida, que foi como independente, e acabou em terceiro lugar.

Além das autárquicas, Rio elegeu também a abertura do partido à sociedade e o desenvolvimento de uma oposição credível e construtiva como os eixos do PSD para os próximos dois anos. Isto porque, diz, desde “miúdo” que não concebe “uma oposição destrutiva”. “Quando estamos na vida pública nunca é para destruir, é sempre para construir”, disse, numa crítica velada ao estilo de oposição que é mais característico de Luís Montenegro.

É a reta final da campanha e, além dos votos de Rio para que o ato eleitoral seja “limpo”, ficaram também os votos do mandatário distrital de Lisboa, Paulo Ribeiro: “Votem, não deixem para o dia 18 o que podem decidir no dia 11”. Escusado será dizer que é mais fácil a Rui Rio ganhar logo à primeira volta do que ganhar se a corrida só for decidida à segunda.