Na passada sexta-feira, depois de uma histórica vitória frente à Suécia no primeiro jogo da main round do Europeu de andebol, o selecionador nacional Paulo Jorge Pereira reforçou a importância da “humildade” dos jogadores portugueses mas não deixou de recordar que Portugal está “a conquistar o mundo do andebol”. Entre críticas duras à RTP, devido ao facto de a estação pública ter optado por não transmitir os jogos da Seleção Nacional, Paulo Jorge Pereira sublinhou novamente que o objetivo é alcançar o sétimo lugar que é ainda a melhor classificação de sempre da seleção portuguesa.

Mais um feito histórico: Portugal goleia Suécia com exibição de luxo e está na luta pela qualificação para as meias

“Fizemos um grande jogo e estou orgulhoso de ter jogadores com este caráter. Hoje, ganhámos na primeira parte à Suécia sem jogar ‘sete contra seis’. Este triunfo é um bocadinho do Magnus [Andersson, treinador do FC Porto] e do FC Porto mas não é só. É preciso valorizar esta rapaziada, que dá tudo. Estamos cheios de energia e vamos continuar a perseguir o objetivo de alcançar a melhor classificação de sempre, que é o sétimo lugar. Mas é preciso manter os pés bem assentes na terra, porque há 14 anos que não estávamos cá. Com este jogo e o comportamento que temos mostrado estamos a conquistar o mundo do andebol. É preciso manter a humildade que não tivemos no jogo com Noruega e, por isso, pagámos a fatura. Hoje, fomos realmente humildes”, disse na sexta-feira o selecionador nacional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta sexta-feira, no segundo jogo do Grupo II da main round, Portugal encontrava uma Islândia que conta 10 participações em Europeus — qualificou-se para todas as fases finais desde 2000 — e que leva como melhor resultado um terceiro lugar em 2010, na Áustria. Apesar de ter sido uma das equipas responsáveis pela eliminação precoce da Dinamarca, ao vencer a campeã mundial logo no jogo inaugural, a Islândia perdeu o confronto com a Hungria (18-24) e perdeu também na primeira jornada desta main round com a Eslovénia (30-27).

Em Malmö, na Suécia, encontravam-se então duas equipas com ambições legítimas de chegar à próxima fase e às meias-finais. Facto sublinhado na antevisão por Gudmundur Gudmundsson, o selecionador islandês, que garantiu desde logo que a Islândia estaria “preparada” para “contrariar” o ‘sete contra seis’ português. Já Paulo Jorge Pereira, que voltou a indicar o objetivo preliminar de igualar o sétimo lugar de 2000 e da “melhor geração de sempre” do andebol português, disse que Portugal podia “perfeitamente ganhar” à Islândia. “Vai ser um jogo difícil mas podemos perfeitamente ganhar. Temos soluções para todos os problemas que a Islândia nos possa colocar. Na sexta-feira fizemos um jogo quase perfeito e teremos de estar muito próximos desse nível”, concluiu o selecionador nacional.

Com o guarda-redes Gustavo Capdevile e o lateral esquerdo André Gomes (este por lesão) de fora dos 16 finais escolhidos por Paulo Jorge Pereira, regressava à convocatória o pivô Tiago Rocha. Portugal não entrou bem no jogo, permitindo os três primeiros golos à Islândia em transições ofensivas rápidas sem conseguir sequer rematar quando chegava perto da baliza de Gústavsson. O primeiro golo português só apareceu já perto dos nove minutos, por intermédio de Alexis Borges, e a Seleção Nacional mostrava-se algo nervosa, com erros defensivos e alguma indecisão e falta de tranquilidade no ataque. O remate surgia sempre de forma pouco ponderada e foi precisamente isso que Paulo Jorge Pereira, ao pedir o primeiro time out, explicou aos jogadores portugueses, ao dizer que Portugal estava “a poupar” a Islândia e que a saída com bola tinha de ser “mais tranquila”.

A ida de Luís Frade para o lado esquerdo do ataque acabou por emparelhar o jogador português com um islandês bastante mais baixo, o que deu maior liberdade ao pivô do Sporting e impulsionou o ataque português, que nesta altura já procurava uma ponderação maior à chegada à área adversária. O maior erro da Seleção Nacional continuava a aparecer na passividade defensiva — que só era compensada pela habitual eficácia de Quintana, que a meio da primeira parte já levava cinco defesas. Com Miguel Martins, Belone Moreira e Cavalcanti na frente de ataque, o trio que foi titular contra a Bósnia e que mostra um entendimento superior, Portugal acabou por não conseguir anular a desvantagem islandesa até ao intervalo, muito graças à eficácia do guarda-redes Gústavsson, e terminou a primeira parte a perder (12-14).

Depois de uma primeira parte em que Portugal arrancou mal e teve muitas dificuldades em segurar as investidas rápidas da Islândia, era necessário recuperar a eficácia tanto defensiva como ofensiva que se verificou entre os 19 e os 22 minutos — e não voltar a quebrar em ritmo e intensidade como aconteceu nos últimos instantes antes do intervalo. A Seleção Nacional conseguiu igualar o resultado logo nos dois primeiros ataques da segunda parte (14-14), implementando pela primeira vez o ‘sete contra seis’, e chegou à vantagem no marcador pela primeira vez na partida através de um livre de sete metros convertido por António Areia aos 36 minutos (17-16).

Os problemas da primeira parte, porém, mantiveram-se na segunda e Portugal continuou a mostrar muitas dificuldades na paragem do ataque islandês e no critério na fase inicial do ataque, abrindo espaço a vários golos adversários numa altura em que Quintana estava adiantado no ‘sete contra seis’. Paulo Jorge Pereira pediu um time out por volta dos dez minutos do segundo tempo, numa altura em que a Islândia já ganhava novamente por dois golos de diferença (18-20), e pediu “paciência” aos jogadores portugueses, numa alusão a algumas decisões da equipa de arbitragem que motivaram muitas críticas da Seleção Nacional.

Uma subida de rendimento de Quintana, que na primeira parte tinha ficado algo abaixo da eficácia habitual, acabou por alavancar uma nova chegada de Portugal à igualdade, já perto dos 48 minutos (22-22). À entrada para os últimos dez minutos, a Seleção Nacional estava com apenas um golo de desvantagem mas mostrava muitas dificuldades para se colocar na frente do marcador sempre que empatava, permitindo investidas ofensivas da Islândia ou falhando livres de sete metros, como aconteceu com António Areia. A seleção portuguesa acabou por sofrer três golos praticamente iguais, através de combinações entre Palmarsson e Smarason (que, juntos, foram responsáveis por 12 golos), e não conseguiu chegar a compensar uma entrada pouco tranquila e algo trapalhona que acabou por decidir o resultado final. No fim, Portugal somou a segunda derrota do Europeu perante a Islândia (25-28) e complicou o sonho de chegar às meias-finais. A Seleção Nacional volta a jogar na terça-feira, novamente em Malmö, contra a Eslovénia (15h).