A Sonae, parceira de Isabel dos Santos na NOS, mostrou-se esta segunda-feira preocupada com o caso Luanda Leaks divulgada pela comunicação social e disse que “tudo fará para garantir que a empresa [operadora de telecomunicações] tem a estabilidade necessária”.  Isabel dos Santos detém 50% da ZOPT, empresa que controla em mais de 52% a NOS. A outra metade da ZOPT é controlada pela Sonae.

“Face às notícias veiculadas nos últimos dias em diversos órgãos de comunicação social sob a designação ‘Luanda Leaks’, a Sonae vem por este meio comunicar que está a acompanhar a situação com atenção e preocupação, sobretudo dadas as alusões feitas a vários membros não executivos do Conselho de Administração da sua participada NOS”, indicou o grupo liderado por Cláudia Azevedo. Em causa os nomes de Mário Leite da Silva, número 2 de Isabel dos Santos, de Paula Oliveira e do advogado da filha do ex-presidente angolano, Jorge Brito Pereira, que também presidente do Conselho de Administração da operadora.

“Neste contexto, foi desde já garantido que os órgãos competentes da sociedade estão a avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência. A NOS sempre se pautou por regras de governo societário exigentes, que vêm sendo estritamente cumpridas e continuarão a sê-lo”, salienta a empresa.

No entanto, contrapõe, “esta situação em nada altera a total confiança que a Sonae tem na empresa e na sua equipa de gestão”.

A NOS é um operador de telecomunicações de referência a nível europeu e uma das maiores empresas portuguesas, com responsabilidade perante milhares de colaboradores, clientes e parceiros. A Sonae tudo fará para garantir que a empresa tem a estabilidade necessária para continuar a servir os seus diversos stakeholders e gerar valor para a economia portuguesa”, concluiu.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, identificou mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

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As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Os dados divulgados indicam quatro portugueses alegadamente envolvidos diretamente nos esquemas financeiros: Paula Oliveira (administradora não-executiva da Nos e diretora de uma empresa offshore no Dubai), Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), o advogado Jorge Brito Pereira e Sarju Raikundalia (administrador financeiro da Sonangol).