O Sp. Braga nunca foi campeão nacional. Ainda assim, leva agora no palmarés quatro troféus internos — duas Taças de Portugal e duas Taças da Liga. Depois de um interregno vitorioso de quase 50 anos, que afastou a conquista da Taça de Portugal em 1966 da vitória na Taça da Liga em 2013, os minhotos entraram numa fase em que nunca estão mais de quatro temporadas sem levantar um troféu. Após a primeira Taça da Liga, venceram a Taça de Portugal somente três anos depois e este domingo, quatro anos depois da glória no Jamor, agarraram a segunda Taça da Liga da própria história.

O 2020 de Rúben Amorim é simples e só tem um sentido: 5 vitórias, 14 golos marcados, um troféu conquistado

Ora, as três conquistas mais recentes, todas asseguradas nos últimos sete anos, têm um ponto em comum: foram todas contra o FC Porto. Três em quatro finais, 75% de todas as finais ganhas pelo Sp. Braga, foram às custas do dragões, que ainda assim mantêm o saldo positivo de terem derrotado os minhotos em quatro finais ao longo do tempo. Mais do que isso, e com as duas vitórias consecutivas impostas ao FC Porto — uma para a Liga, outra no jogo deste sábado –, o Sp. Braga alcança um registo inédito em 70 anos e que só tem paralelo nos anos 40.

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No relvado, entre a festa que envolveu champanhe e ainda uma violenta queda provocada por um jogador, o presidente António Salvador não escondeu a alegria pela conquista assegurada em casa (apesar de ter defendido, há algumas semanas, o fim da Taça da Liga) e reforçou a aposta em Rúben Amorim, garantindo que já tinha profetizado o sucesso do treinador. “Estes adeptos e esta cidade mereciam isto. Estes jogadores fantásticos tudo têm feito para ganhar. O futebol é isto. Há menos de um mês estava tudo deprimido, mudámos e são cinco vitórias. Futebol é bom por isto, a emoção. Isto tudo deve-se ao trabalho de um homem e desde a primeira hora que vi que o Rúben Amorim ia ser um grande treinador”, explicou o líder minhoto.

“Ontem, durante o jantar com Pinto da Costa, conversámos sobre o jogo e a vontade de que fosse uma partida de fair play. Foi isso que aconteceu. A qualidade do plantel que venceu os últimos jogos, dois com o FC Porto e um com o Sporting, é a mesma que preparámos desde o início da temporada. É uma emoção grande, porque sendo o último ano em Braga este universo merecia o prémio. A nossa mentalidade é esta. Criar o hábito de vencer sempre. Fazer de cada jogo um final. Começar a segunda volta e continuar com essa determinação”, acrescentou António Salvador.

Mais do que a mudança de treinador, a conquista da Taça da Liga acaba por ser mais uma confirmação de um projeto do Sp. Braga que já dura há várias temporadas e que tem como objetivo tornar normal, para os minhotos, a vitória em finais, em troféus e em competições. Depois de ter perdido identidade com a saída de Abel Ferreira no verão, que acabava por personificar tudo aquilo que António Salvador dizia quando surgia em declarações à comunicação social, o Sp. Braga passou por um momento de aposta gorada com Sá Pinto e parece ter redescoberto um ADN muito próprio com Rúben Amorim. O antigo médio, que foi jogador dos minhotos e até esteve nessa primeira conquista da Taça da Liga em 2013, é novamente uma extensão da ambição do presidente no banco de suplentes: algo que, para um clube em linha ascendente como o Sp. Braga, se torna fator capital, fulcral e crucial.