Se o atual momento do Sporting estivesse a assolar o FC Porto ou o Benfica, depressa se diria que os dois clubes que estão nesta altura a lutar pela conquista da Primeira Liga estariam a atravessar uma profunda crise. O Sporting não ganha fora de Alvalade há três jogos consecutivos, não termina uma primeira parte a ganhar há seis partidas seguidas e voltou a passar largos minutos a perder contra uma equipa teoricamente inferior. Mas o principal problema do Sporting não é esse: o principal problema do Sporting é que tudo isto já parece normal e está bem para lá de uma crise temporária.

Jovane, a tímida fagulha que tenta incendiar uma equipa sem fogo (a crónica do Rio Ave-Sporting)

Este sábado, contra o Rio Ave, os leões voltaram a não conseguir bater os vilacondenses — em três jogos esta temporada contra a equipa de Carlos Carvalhal, perderam dois em Alvalade e empataram em Vila do Conde — e perderam novamente o terceiro lugar da Liga para o Sp. Braga. O Sporting começou praticamente a perder, graças a um golo de Lucas Piazon logo ao segundo minuto, terminou a primeira parte sem qualquer remate enquadrado e teve de esperar pela entrada de Jovane Cabral para atirar à baliza de Kieszek e para marcar o golo do empate, numa altura em que Coates já tinha sido expulso por acumulação de cartões amarelos.

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Na conferência de imprensa, Silas disse que o golo sofrido no segundo minuto “condicionou a estratégia”. “Vínhamos com uma estratégia diferente, mas ficar a perder desde cedo mudou isso. Mérito do Rio Ave que se apresentou de forma diferente, demorámos uns minutos a adaptarmo-nos e depois quando conseguimos equilibrámos o jogo. Tivemos um jogo desinspirado a nível técnico e o Rio Ave aproveitou como boa equipa que é. Depois, com 11 jogadores, arriscámos e conseguimos marcar. Do mal o menos, conseguimos levar um ponto de um jogo difícil”, explicou o treinador leonino, que garantiu ainda que o Sporting tem de ser “muito melhor”. “Temos de jogar melhor do que jogámos, foi um dia desinspirado mas não houve falta de caráter nem de atitude. Podem e devem estar mais inspirados, mas acho que é um ponto positivo a equipa não ter desistido e ter lutado até ao fim”, concluiu Silas.

Já Luís Maximiano, que acabou por conseguir evitar vários golos do Rio Ave com boas defesas, garantiu que saía do Estádio dos Arcos “muito triste”. “O Sporting entra sempre para ganhar. Hoje não conseguimos os três pontos e voltamos a Lisboa desiludidos. No fundo, acabámos por conseguir o empate e saímos daqui com um ponto. Mas queremos sempre ganhar, fizemos tudo para isso. Há que olhar para a frente e continuar o caminho, pois ainda não acabou e há muito jogo até o fim. E certamente vamos ganhar muitos mais jogos”, disse o guarda-redes leonino.

Quem também acaba por sair certamente frustrado do empate com o Rio Ave é Luís Neto: o central internacional português foi titular para render o lesionado Mathieu, evitou vários lances de perigo com cortes com timings fulcrais e foi um dos principais inconformados da equipa, contrastando com a quase constante apatia dos restantes colegas. Neto, que teve um início difícil no Sporting, pautado por vários erros, vai conquistando o próprio espaço na equipa não só dentro do relvado como fora dele. Quando Coates foi expulso, a braçadeira foi automaticamente para o central português, que é cada vez mais um líder fora e dentro de campo — o que, apesar do momento atual dos leões, acaba por ser uma boa notícia para Silas numa altura em que Mathieu estará ausente durante um mês.