A Bolsa de Nova Iorque registou esta terça-feira, pela segunda sessão contínua, fortes perdas, com o Dow Jones a cair 3,15% no fecho, por entre receios associados à propagação do novo coronavírus.

O fecho da sessão de Wall Street, que na véspera tinha registado o seu pior dia em dois anos, foi assinalado por uma queda do Dow Jones na ordem dos 879,44 pontos, para os 27.081,36 pontos, com 30 títulos a sofreram perdas acima dos 5%, entre as quais a American Express (-5,69%), a United Technologies (-5,30%), a Visa (-5,23%) e a UnitedHealth (-5,18%).

O índice S&P500 cedeu 3,03%, ou 97,68 pontos, para os 3.128,21 pontos face ao fecho na segunda-feira, e o índice do mercado composto Nasdaq, que reúne as principais empresas tecnológicas dos Estados Unidos, deslizou 2,77%, ou 255,67 pontos para os 8.965,61 pontos.

O setor mais prejudicado foi o energético (-4,34%), muito por efeito do preço do barril de petróleo de Texas, que hoje foi comercializado abaixo da barreira psicológica dos 50 dólares, a 49,90 dólares, correspondendo a uma quebra de 3% devido aos receios relacionados com a propagação do coronavírus, mas também à inação da OPEP em relação a uma eventual decisão de cortar a produção.

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A praça nova-iorquina até começou a sessão no verde, como outras praças internacionais, mas rapidamente evoluiu para o vermelho, com as perdas a ganharem ritmo à medida que as horas passavam e os investidores pareciam cada vez mais céticos com a possibilidade de prolongamento do cenário de desaceleração económica por efeito da propagação do coronavírus (Covid-19).

O Centro norte-americano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) assegurou hoje que o Covid-19 se propagará nos Estados Unidos e que as famílias devem “preparar-se” para uma perda de rendimentos e alterações nas suas vidas quotidianas, o que teve um impacto claro em Wall Street.

O analista Ed Yardeni, da Yardeni Research, afirmou numa nota citada pela agência Efe que o descalabro na bolsa traduz um “ataque de pânico”, mas também considerou que as diferentes decisões de quarentena em vários países estão a “interromper a cadeia global de suprimentos, aumentando as possibilidades de uma recessão global, pelo menos no setor manufatureiro”.

PSI 20 e principais praças europeias também estão em queda

O PSI20, principal índice da bolsa de Lisboa, fechou esta terça-feira a perder 2,28% para 5.078 pontos, uma perda menos acentuada do que a de segunda-feira (3,53%), mas superior à das maiores bolsas europeias.

Das 18 empresas cotadas no PSI20, apenas a Ibersol se manteve inalterada face a segunda-feira, nos 8,54 euros, tendo as restantes 17 registado quedas de 0,36% até 5,36% (resultado da Pharol, que liderou liderar as perdas), um resultado ainda impactado pelos receios de propagação do coronavírus Covid-19.

Nas restantes principais bolsas europeias, apenas a de Madrid registou uma queda maior que Lisboa, com o índice IBEX35 a perder 2,32%, tendo o Footsie 100 de Londres e o CAC40 de Paris caído 1,94%, o DAX de Frankfurt 1,88% e o MIB de Milão 1,44% (depois de 5,43% na segunda-feira).

A epidemia de pneumonia viral, que surgiu em finais de 2019 na China, tem-se propagado, atingindo vários países. Na Europa, a Itália tornou-se no fim de semana o primeiro país do continente a impor medidas de quarentena em várias regiões do norte do país.

Segundo números oficiais, a Itália tem hoje 283 casos de contágio, mais 50 que na segunda-feira, e cinco mortos.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.707 mortos e cerca de 80.300 pessoas infetadas, de acordo com dados reportados até hoje, por cerca de 30 países.

Texto atualizado às 23h25m com informação sobre o fecho da Bolsa de Nova Iorque