O ministro da Economia assegurou esta quarta-feira que as zonas livres tecnológicas dependem “apenas” da vontade do Estado de criar “as condições” necessárias para que as empresas e centros de investigação possam testar, em ambiente real, as suas inovações.
Hoje, estamos a falar de uma coisa [em] que não exige investimento público significativo, exige apenas que o Estado seja capaz de criar as condições para que as empresas, os centros de investigação e os nossos cientistas possam testar novas ideias”, afirmou Pedro Siza Viera.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao CEiia – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, em Matosinhos, que teve como principal foco o projeto “Zonas Livres Tecnológicas” (ZLT), Siza Vieira realçou que o plano de ação para a transição digital, levado à aprovação do Conselho de Ministros na quinta-feira, pretende “colocar Portugal como um país reconhecido internacionalmente como inovador”.
“Um país aberto à experimentação e onde as novas ideias se convertem o mais rapidamente em produtos que podem chegar ao mercado”, vincou, adiantando, no entanto, que este é “o desafio dos desafios”, especialmente, no que concerne à regulamentação destas tecnologias.
“Muitas destas ideias para serem bem testadas, têm de ser testadas nas circunstâncias reais. Dou sempre exemplo do veículo autónomo, para saber se ele funciona bem e melhorarmos as condições do seu funcionamento, temos de o colocar na estrada, mas o código da estrada pode ser incompatível com isso mesmo”, explicou.
Acrescentou que o plano de ação da transição digital se foca na “qualificação e capacitação das pessoas”, por forma a que as empresas transformem “os seus processos de forma mais acelerada” e a administração pública possa ser “mais eficiente e transparente”.
“Tudo isto pode ser acelerado através da transformação digital, pode ser o grande motor de aceleração do caminho que temos para fazer de Portugal uma sociedade mais desenvolvida assente no conhecimento, na inovação e nas qualificações que não deixa ninguém para trás”, salientou.
Durante a visita ao CEiia, que teve como principal foco a ZLT de Matosinhos, implementada em abril de 2019, foram apresentados três projetos piloto que estão em testes nesse espaço delimitado geograficamente que inclui zonas residenciais, equipamentos e serviços públicos, comércio local, instituições de ensino e formação, entidades culturais e de lazer, espaços públicos e áreas de serviços e industriais.
Entre os projetos estão a plataforma de sustentabilidade AYR, cujo objetivo é prever a alteração de comportamentos com a recompensa das emissões evitadas nas deslocações mais sustentáveis, a tecnologia 5G da NOS através do uso de ‘drones’ e a tecnologia de controlo de estacionamento abusivo da VisionWare.
Relativamente a este projeto da ZLT, pioneiro em Portugal, Siza Vieira considerou ser fundamental para testar em ambiente real “novos produtos” e com isso, “rapidamente” convertê-los em produtos e bens de “valor” ao serviço da comunidade.
“Este regime das ZLT permite criar as condições para que, em espaços físicos delimitados, com todas as condições de segurança, respeito pela privacidade e respeito pelos direitos dos cidadãos, possamos testar em circunstâncias reais novos produtos e novas ideias para mais rapidamente podermos convertê-los em valor para a comunidade”, concluiu.
Acompanhado pelo secretário de Estado para a Transição Digital, André de Argão Azevedo, o ministro da Economia vai ainda visitar as instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), onde vão ser apresentados e demonstrados alguns projetos pilotos.