Já aqui falámos dos problemas financeiros da Aston Martin, que são devidos por um lado aos atrasos na chegada dos novos produtos – do DBX, o SUV da marca britânica, ao Valkyrie, o seu hiperdesportivo –, mas sobretudo pela enorme série de novos veículos que decidiu desenvolver em simultâneo. A estes dois, já mencionados, urge adicionar o resto da gama, que foi completamente renovada, e o desenvolvimento do Valhalla, o superdesportivo que se vai bater com os Ferrari, Lamborghini e McLaren.

Uma fatia importante dos custos de desenvolvimento da Aston Martin diz respeito ao motor V6 que o construtor concebeu e produziu para o Valhalla, apesar de estar igualmente prevista a sua utilização por outros modelos, ainda que numa versão menos “puxada”. De recordar que, para reduzir custos, a Aston Martin monta em alguns topo de gama o seu motor V12, mas a maioria dos seus modelos recorre a um V8 biturbo que os ingleses adquirem à Mercedes, pelo que esta decisão de avançar para um V6 biturbo próprio foi uma decisão importante (e onerosa) que a marca espera que faça a diferença em termos de rendimento, de consumo e de emissões.

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Denominado TM01, o novo V6 sobrealimentado é um 3 litros que marca o regresso da marca à concepção de novos motores ao fim de muitos anos de interregno. Se para o 6.5 V12 do Valkyrie a Aston Martin recorreu à Cosworth, especialista em motores de competição que produziu o melhor motor atmosférico do mercado, mesmo considerando as unidades da Ferrari e Lamborghini, desta vez para o 3.0 V6 optou por processar todo o desenvolvimento em casa.

O novo motor pesa apenas 200 kg, destacando-se por uma arquitectura invertida, também denominada “Hot V”, por ter os colectores de escape (e o turbocompressor) no centro do bloco em V, com as admissões a estarem localizadas no exterior do V. Com esta solução, que a BMW também usa nalguns dos seus V8, a Aston Martin consegue fazer um motor mais compacto (sobretudo mais estreito) e alimentá-lo com ar menos quente, além de conseguir beneficiar de colectores de escape mais curtos, tornando o sistema mais eficiente e com menor tempo de resposta ao acelerador. O construtor alega ainda que esta solução facilita a electrificação, eventualmente por deixar mais espaço dentro do compartimento do motor para alojar a unidade eléctrica.

Além de leve, este motor do Valhalla – que chegará ao mercado em 2022 – vai debitar 1000 cv, uma parte significativa graças ao bloco a gasolina (aproximadamente 800 cv), para o resto ser assegurado por uma unidade eléctrica, dado estarmos perante uma mecânica híbrida. Apostado em respeitar a futura norma Euro 7, o Valhalla com este 3.0 V6 será capaz de atingir 354 km/h e passar pelos 100 km/h ao fim de somente 2,5 segundos.

Para se tornar proprietário de um destes brinquedos vai ter de preparar 950.200€ (875.000 libras). E despachar-se, uma vez que apenas serão fabricadas 500 unidades. Oiça aqui o 3.0 V6 a trabalhar: