O caso da estância de ski austríaca de Ischgl continua a dar que falar. Severamente criticadas na Áustria e por diversas autoridades alemães e nórdicas por não terem parado em tempo útil a propagação do coronavírus naquela vila alpina que costuma receber dezenas de milhar de turistas de diversos países europeus em fevereiro e março, as autoridades sanitárias do estado do Tirol foram alvo de uma nova queixa criminal entregue na Procuradoria-Geral da República em Viena. Uma primeira investigação criminal já tinha sido aberta pelas autoridades judiciais regionais em Innsbruck.

A queixa apresentada em Viena pela Associação de Defesa do Consumidor da Áustria tem por base cerca de 2.500 queixas de turistas que aquela entidade recebeu, sendo que 80% dos queixosos são alemães, revela a CNN, citada pela TVI 24. Um número compreensível porque Ischgl costuma ser muito visitada por jovens alemães durante as férias do Carnaval. O número poderá aumentar porque o site da associação continua a receber queixas de turistas que terão sido infetados naquela conhecida estância de ski.

A “ganância” da Ibiza do ski que ajudou a propagar o coronavírus pela Europa

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O caso de Ischgl já tinha sido revelado aqui pelo Observador. Os indícios de alegada negligência das autoridades sanitárias do Tirol — a Áustria é uma República Federal e os estados regionais têm amplos poderes no campo da saúde — começaram quando a Islândia informou o Governo austríaco a 5 de março de que tinha detetado 14 passageiros no aeroporto de Reykjavik infetados com o coronavírus. Seguiram-se nos dias seguintes a Noruega, a Dinamarca, a Suécia e a Alemanha mas as autoridades sanitárias do Tirol desvalorizaram todas as informações que aqueles países enviaram.

No total, estamos a falar de mais de 1.000 turistas que terão sido infetados naquela estância de ski, sendo que os primeiros infetados por coronavírus na Alemanha e no Reino Unido passaram por Ischgl.

Só a 13 de março é que foi imposta a quarentena e a cerca sanitária em Ischgl e outras estâncias turisticas do vale de Paznaun, na região do Tirol. Mas só a 15 de março, quando os teleféricos (um meio de transporte fundamental de qualquer vila alpina) deixaram de funcionar, é que o isolamento passou a ser efetivo.