O ministro da Saúde de Cabo Verde afirmou esta quarta-feira que o país já realizou testes a 342 casos desde que surgiu a pandemia da Covid-19, para 68 confirmados positivamente, e que a “tendência é de alargar” essa testagem.

“Fazemos testes nos casos suspeitos, nos casos dos contactos [de casos suspeitos], e a tendência é de alargar”, afirmou o ministro Arlindo do Rosário, ao intervir no parlamento durante a primeira sessão ordinária de abril, no debate com o governo sobre a crise provocada pela pandemia de Covid-19.

De acordo com o governante, para estes 342 casos — que incluem nomeadamente 141 suspeitos e 191 a “contactos assintomáticos” de casos confirmados – foi necessário realizar cerca de 1.500 testes, dada a necessidade de repetir vários, que se revelaram inconclusivos.

Sobre as conclusões, com 68 casos confirmados da doença desde 19 de março, e perante os pedidos de esclarecimentos dos deputados, Arlindo do Rosário sublinhou: “Significa que as medidas de contenção, quer queiram quer não, estão a ser eficazes”.

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E insistiu que os testes, assegurados pelo Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Saúde Pública, são feitos em Cabo Verde de forma mais alargada face a outros países, desde logo por testar mais contactos assintomáticos do que casos suspeitos e com sintomas.

O país tem uma população que ronda 550 mil habitantes, distribuídos por nove das 10 ilhas do arquipélago.

Cabo Verde regista atualmente 68 casos de Covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (52), Santiago (15) e São Vicente (1). Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, confirmado em 19 de março, na ilha da Boa Vista, terminou na morte de um turista inglês, de 62 anos.

Além disso, outros dois turistas estrangeiros que estavam na Boa Vista, com Covid-19 diagnosticado, regressam ainda em março aos países de origem (Inglaterra e Países Baixos), pelo que permanecem ativos no país 64 casos, todos em situação considerada estável.

“Esta epidemia é também uma oportunidade para reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde“, sublinhou Arlindo do Rosário, apontando como exemplo que 307 profissionais de saúde foram recrutados desde janeiro.

“Receberemos hoje, através da cooperação tripartida Cuba, Luxemburgo, Cabo Verde, mais 33 profissionais de saúde [cubanos]. Virão ajudar neste trabalho de reforço que estamos a fazer”, defendeu.

Por outro lado, apontou a importância do financiamento de cinco milhões de dólares (4,6 milhões de euros) fechado este mês com o Banco Mundial, para compra de equipamentos médicos, testes e outro material sanitário de apoio: “Até ao início de maio teremos uma capacidade maior de resposta. Uma reposta para médio e longo prazo”.

Apesar das críticas dos deputados, face ao disparar de casos de Covid-19 sobretudo na última semana, Arlindo do Rosário reiterou que a prioridade do governo continua a visar “diminuir o impacto” da pandemia no país, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde.

Desde sábado que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento. A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de Covid-19, que permaneça em vigor até às 24h de 2 de maio. Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados de Covid-19, a prorrogação do estado de emergência é mais curto, até às 24h de 26 de abril.