O presidente do Instituto Sá Carneiro, Luís Alves Monteiro, apresentou esta segunda-feira a demissão, alegando que aquela organização não tem neste momento “suporte financeiro” para prosseguir a atividade. O antigo secretário de Estado da Indústria de Cavaco Silva enviou na segunda-feira a carta de demissão presidente do Conselho Geral, Francisco Pinto Balsemão. Contactado pelo Observador, Luís Alves Monteiro não quis fazer qualquer comentário, mas confirmou que se demitiu do cargo por não estar garantida a sustentabilidade financeira do instituto.

Fonte da direção do Instituto explicou ao Observador que o partido não “honrou os compromissos com que se comprometeu” e que, em março, Luís Alves Monteiro pediu mesmo a Rui Rio diretamente para ajudar a resolver a situação, avisando-o que o instituto estava numa situação delicada. Como a direção do partido nada fez, o presidente do instituto demitiu-se. O Observador apurou que o ex-ministro do PSD Luís Mira Amaral também renunciou ao cargo de vice-presidente, embora não tenha feito a renúncia por carta.

O partido não faz doações diretas para o Instituto Sá Carneiro, mas cede uma funcionária, que é paga pelo partido, e é o PSD que angaria “mecenas” que fazem doações que ajudam aquela organização a manter a sua atividade. Em 2019, os donativos foram de 18.000 euros e, em 2018, tinham sido de 22.000 euros, essenciais para as atividades que aquele organismo desenvolve. Este ano, sabe o Observador, as transferências para o Instituto — que são tradicionalmente promovidas pelo PSD — representaram de janeiro a abril apenas cerca de 20% do que tinha sido acertado com Rui Rio. Fonte do instituto diz que a demissão do presidente foi “um alerta”.

No ano anterior foi realizada em março a Academia de Formação Política com a estrutura das Mulheres Sociais Democratas (MSD), na Serra da Estrela, em abril, a publicação do livro do “Centeno de Rio”, Joaquim Miranda Sarmento, sobre “A Reforma das Finanças Públicas” e em junho houve nova academia com as MSD, em Espinho. Em novembro foram dados dois módulos de “Formação Legística” com os deputados, de cerca de duas horas cada. As prestações de serviço do instituto — algumas delas ao partido — são outras das formas de financiamento deste órgão. Foram ainda organizadas sete conferências sobre vários temas.

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Luís Alves Monteiro é próximo de Rui Rio e é sócio da Boyden, consultora onde o presidente do PSD trabalhou após sair da autarquia e antes de liderar o PSD.  No passado foi diretor do Hospital de Santa Maria e também gestor do PRIME (Programa de Incentivos à Modernização da Economia).

O Conselho de Administração do Instituto Sá Carneiro tem dois vice-presidentes, Duarte Marques e Nuno Matias, tendo ainda como vogais Fernando Angleu, Gonçalo Sampaio, Laura Magalhães, Lina Lopes e Luís Tavares Bravo.

Como é possível ler no site do Instituto, “na sua fundação, o então IPSD (Instituto Progresso Social e Democracia), funcionou quase exclusivamente graças a financiamento de instituições similares alemãs, primeiro do Partido Liberal — Friedrich Naumman — e, mais tarde da CDU — Konrad Adenauer”. O IPSD foi “uma máquina de formação de quadros (jovens, ambiente, autarcas, social-democracia) e uma estrutura de promoção de ideias com a animação de Grupos permanentes de reflexão, a realização de Colóquios e Seminários e o funcionamento de uma Editorial (a EPSD, entretanto extinta)”.

Algumas das principais iniciativas promovidas pelo Instituto são a Universidade de Verão do PSD, a Universidade do Poder Local e a Universidade Europa.