O Presidente brasileiro incluiu na segunda-feira ginásios e academias desportivas “de todas as modalidades”, salões de beleza e barbearias na lista de serviços considerados essenciais para funcionarem no Brasil durante a pandemia de Covid-19.

No decreto publicado em Diário Oficial da União, Jair Bolsonaro indicou que essas atividades podem funcionar durante a pandemia se forem obedecidas as determinações do Ministério da Saúde. Contudo, na tarde de segunda-feira, o ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, declarou à imprensa não ter conhecimento da norma decretada pelo chefe de Estado.

“Se for criado um fluxo que impeça que as pessoas se contaminem, se criarem condições e pré-requisitos, você pode trabalhar (…). Agora, tratar isso como essencial, é um passo inicial, que foi decisão do Presidente. Não passou pelo Ministério da Saúde. Não é uma decisão nossa. É atribuição do Presidente”, afirmou Teich em conferência de imprensa.

O Presidente ampliou assim um decreto editado na semana passada, que já incluía construção civil e atividades industriais como atividades essenciais.

Antes da publicação oficial do decreto, Bolsonaro, um forte crítico das medidas de isolamento social para travar a pandemia, adiantou à imprensa que iria incluir essas categorias, justificando que está em causa mais de “um milhão de empregos“.

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Essas três categorias juntas dão mais de um milhão de empregos. Pessoal, vou repetir aqui, vou apanhar de novo, mas a questão da vida tem de ser tratada paralelamente à questão do emprego”, advogou o chefe de Estado.

Questionado pela imprensa se os decretos sobre atividades essenciais seriam uma tentativa de contornar as decisões de governadores e prefeitos sobre distanciamento social, Bolsonaro negou, salientando que “saúde é vida”.

“Eu não burlo nada. Se me estão a acusar disso, desculpem, mas estão equivocados. Saúde é vida. Quem está em casa, agora como sedentário, por exemplo, está a aumentar o seu colesterol, problema de stress, muitos problemas acontecem. Se a pessoa puder ir num ginásio, logicamente, de acordo com as normas do Ministério da Saúde, vai ter uma vida mais saudável”, argumentou o mandatário, citado pelo portal de notícias G1.

O Brasil totalizou 11.519 mortos e 168.331 casos de infeção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, tendo registado nas últimas 24 horas 396 óbitos e 5.632 novos casos, segundo o executivo.

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de incidência da Covid-19 no país é de 80,1 casos por cada 100 mil habitantes, sendo que a taxa de letalidade da doença está fixada em 6,8%.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 283 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Quase 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.