Há uma linha verde que dá confiança ao governo para prosseguir para a segunda fase de desconfinamento a 18 de maio. Em todos os 12 gráficos que o primeiro-ministro António Costa mostrou na comunicação ao país para fazer o balanço das últimas duas semanas e analisar o que aí vem, a linha simboliza a data do anúncio do plano de desconfinamento. À frente delas, os número que o Governo considera promissores.

Um deles é a que mostra o número total de casos de infeção pelo novo coronavírus. Não para de crescer, é certo, mas de um modo aparentemente controlado — a curva está achatada, pelo menos na escala escolhida para o gráfico — e esse é um dos aspetos que permitiu a António Costa avançar para a segunda fase de desconfinamento.

Depois, há o risco de transmissibilidade. O gráfico demonstra que, no momento em que o país entrou no estado de emergência e no dia em que o fim desse período foi anunciado, o risco de transmissibilidade — isto é, a quantidade de pessoas que um doente infetado pode contaminar, o famoso R, — desceu abaixo de 1.

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É verdade que, daí para a frente, mesmo depois de imposto o estado de calamidade, o R voltou a aumentar e a rondar o 1 — um facto que demonstra a fragilidade da situação, apesar da curva do gráfico acima. Ainda assim, segundo o gráfico preparado pelo governo, a média do R nos últimos cinco dias fica nos 0,97. É o suficiente para permitir entrar na segunda fase de desconfinamento.

Quanto ao gráfico que espelha a evolução diária de novos casos notificados, a linha verde que assinala o anúncio do plano de desconfinamento separa dois mundos: à esquerda, dois meses de picos constantes com tendência a aumentar; e à direita, picos sim, mas com um número diário de casos inferior ao que tinha sido notificado até ali.

O gráfico traz, no entanto, três picos significativos já depois de 30 de abril, a cinco, seis e sete de maio. Porque é que esses picos não preocupam mais o Governo? O primeiro-ministro justificou: os picos de novos casos notificados referem-se aos surtos da Azambuja e ao aumento dos rastreios na região de Lisboa e Vale do Tejo. São situações pontuais e controladas, como a diretora-geral da saúde Graça Freitas já referiu esta semana.

Os quinto e sexto gráficos referem-se ao número de testes realizados face aos casos positivos anunciados. A informação mostrada por António Costa mostra um aumento do do número de testes realizados de dia para dia; mas, ainda assim, um número pouco variável de casos positivos. Aliás, como demonstra o gráfico seguinte — o sétimo —, a percentagem de casos positivos em relação aos testes realizados baixou: de 5,6% imediatamente antes do anúncio do plano de desconfinamento passou a 4,3% esta quarta-feira.

Ainda sobre a capacidade de testagem, os gráficos compararam Portugal a outros países do mundo no que toca aos testes realizados por milhão de habitantes a 13 de maio, ou seja, na quarta-feira passada. Nos números apresentados esta sexta-feira, só a Lituânia, o Chipre e a Dinamarca testam mais do que nós. Um bom sinal da capacidade de Portugal de fazer frente à epidemia de Covid-19, assinala o primeiro-ministro.

Os próximos dois gráficos são também uma esperança que permite ao governo avançar com confiança para a segunda fase de desconfinamento esta terça-feira. O número de casos internados continuou numa rota decrescente que já havia começado em meados de abril e que não abrandou após 30 de abril. É uma tendência que também se verifica entre o número de casos internados nos cuidados intensivos.

O número de óbitos provocados pela Covid-19 também tem continuado a diminuir, esta sexta-feira foram anunciadas seis mortes, o número mais baixo desde 22 de março, mesmo depois do alívio das restrições. Apesar da irregularidade que se continua a verificar, e que já existia durante o estado de emergência, o número de vítimas mortais da Covid-19 tende a baixar de dia para dia, sem nunca ter ultrapassado as 20 fatalidades registadas diariamente.

O gráfico que interessava ver a subir, de facto subiu, o que também contou para avançar para a segunda fase de desconfinamento. A curva do número de recuperados continua em tendência de aumento e não parece ter sofrido uma estabilização, apesar das menores restrições das últimas duas semanas — pelo contrário, a curva parece subir mais rapidamente de dia para dia.

É a imagem colorida no meio da panóplia de gráficos com que o Executivo analisou a primeira fase do desconfinamento para saber se há condições para abrir mais a porta para a “nova normalidade”. O número de internamentos, que estava em rota descendente, continua a diminuir e a maior parte dos doentes consegue recuperar em casa. Também o número de pacientes internados nos cuidados intensivos continua a baixar, mesmo após o início do desconfinamento.

São estes os números que pintam um cenário suficientemente seguro para que, do ponto de vista do Governo, seja possível avançar para a segunda fase do desconfinamento. Na segunda-feira, os restaurantes começam a abrir portas, mais lojas voltam ao ativo e as creches também. Dentro de duas semanas, será feita uma nova avaliação para saber se o país está pronto para a terceira e última fase do desconfinamento provocado pela Covid-19.