O governo brasileiro admitiu que o ciclo de recuperação económica iniciado em 2017 acabou, segundo uma nota técnica divulgada esta sexta-feira pela Secretaria de Política Económica (SPE), subordinada ao Ministério da Economia.

“O resultado negativo da atividade económica no primeiro trimestre, embora esperado, lamentavelmente coloca fim à recuperação económica em curso desde o começo de 2017”, referiu o documento que avaliou os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 1,5% de janeiro a março face ao quarto trimestre de 2019.

A nota técnica acrescentou que “os impactos iniciais da pandemia na economia a partir de março deste ano reverteram os bons indicadores de emprego, arrecadação e atividade do primeiro bimestre, levando a variação do PIB para o terreno negativo”.

Em 2017, o Brasil iniciou um ciclo de relativo crescimento económico depois de registar perdas em 2015 e 2016, quando o PIB do país caiu quase sete pontos percentuais na mais grave crise económica vivida na sua história até à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

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Segundo a análise divulgado pelo governo, “os efeitos danosos [da pandemia] sobre a saúde da população brasileira e da economia ainda persistem”.

“Dessa forma, o resultado económico da atividade no segundo trimestre será ainda pior”, antevê o organismo governamental.

As consequências da crise económica que deverão aprofundar-se elencadas no documento são o aumento do desemprego, a falência de empresas e o aumento da pobreza no país.

Para combater e amenizar estes problemas, a nota técnica divulgada pelo Ministério da Economia defendeu ser necessário retomar a agenda de reformas estruturais.

“Essas medidas são importantes para que os efeitos de longo prazo na atividade económica, consequentemente no emprego e na pobreza sejam minorados. É importante que os ganhos obtidos pelas reformas estruturais sejam mantidos e reforçados com novas medidas que aumentem a produtividade do Brasil, consequentemente, o bem-estar da população”, apontou o texto.

O documento defendeu uma agenda pós-pandemia voltada para a garantia e manutenção do pilar macro fiscal da economia brasileira.

Para tanto, o governo disse ser necessário fortalecer a proteção social transferindo recursos de programas ineficientes para programas sociais de comprovada eficiência no combate à pobreza.

A SPE também defendeu alterações nas políticas de emprego, o aprimoramento da legislação de falências, ações em prol da desburocratização do mercado de crédito, de capitais e a aprovação de novos marcos regulatórios para os setores de saneamento básico e gás.

Por fim, o Ministério da Economia avaliou que para enfrentar a crise económica que se seguirá nos próximos meses será preciso promover uma abertura comercial, retomar a agenda de privatizações e concessões e realizar uma reforma tributária.