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Max escreveu nas costas de Jovane "Eu sou grande" mas a equipa pensou pequeno (a crónica do Sporting-P. Ferreira)

Este artigo tem mais de 3 anos

"Eu sou" é o lema da campanha que surgiu nas camisolas dos jogadores do Sporting, a equipa "grande" que pensou pequeno frente a um P. Ferreira que merecia mais e que só caiu de livre direto (1-0).

Jovane Cabral fez o segundo golo da época, o primeiro de livre direto, e voltou a ser o melhor no regresso do Sporting às vitórias
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Jovane Cabral fez o segundo golo da época, o primeiro de livre direto, e voltou a ser o melhor no regresso do Sporting às vitórias

EPA

Jovane Cabral fez o segundo golo da época, o primeiro de livre direto, e voltou a ser o melhor no regresso do Sporting às vitórias

EPA

Em frente ao Multidesportivo e na continuação dessa mesma rua, uma manifestação (a segunda apenas num mês) com cerca de 3.000 adeptos. Na zona lateral do Edifício Visconde de Alvalade, novo aglomerado com centenas de pessoas que aguardam pela chegada do autocarro para última saudação ou que simplesmente querem passar para o outro lado da via para se encaminharem para a porta de entrada no recinto. Mais abaixo, sempre contornando o recinto, centenas de adeptos também que se encontram antes do jogo ou que preferem colocar a conversa em dia perto dos espaços quatro claques leoninas. E se quiséssemos andar um pouco mais, passando por baixo do viaduto da 2.ª Circular, nova aglomeração nas roulottes, entre cervejas, bifanas e o que mais houver para dar ao dente.

Sporting vence (sem convencer) P. Ferreira em Alvalade com grande golo de Jovane Cabral

A 8 de março, na receção do Sporting ao Desp. Aves que marcava a estreia de Rúben Amorim no comando técnico da equipa e que teve 26.272 espetadores, este era o cenário antes do jogo. Depois, abrimos os olhos. Chocamos com uma nova realidade. E é preciso descer quase até à Alameda das Linhas de Torres para encontrar um local aberto que fique fora do perímetro de segurança montado pela polícia. Este é o futebol em tempos de pandemia, apenas disfarçado por meia dúzia de adeptos que esperaram um autocarro e por tarjas na Academia e em Alvalade pedindo atitude à equipa e criticando também o facto de se jogar em Portugal à porta fechada.

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Recuando também a esses dias em que desinfetar as mãos de forma constante, usar máscara de forma obrigatória e manter sempre as distâncias de segurança eram conceitos desconhecidos no dicionário português, um dos pontos que era mais vezes discutido quando se falava sobre Sporting tornava-se quase um paradoxo: por um lado, havia a ideia que a equipa estava menos pressionada quando jogava longe de Alvalade por sentir menos a crescente contestação no plano interno e institucional; por outro, os resultados mostravam uma realidade antagónica, com 11 vitórias e duas derrotas (FC Porto e Benfica) nos 13 jogos realizados desde o início de outubro. A esse propósito, Rúben Amorim não tem dúvidas: “Preferia ter adeptos contra a Direção ou contra a equipa do que o estádio vazio”.

Dos treinos para as palavras em conferência, o técnico leonino quer virar de vez o paradigma num plantel que está apenas a uma derrota de sentenciar a temporada com mais derrotas na história e que já estava condicionado pela missão quase impossível perante o atual fosso competitivo de tentar evitar aquele que ficará no final da temporada como o maior jejum sem ganhar o Campeonato dos leões. E ao mesmo tempo que luta ainda pelo terceiro lugar vai preparando o que pode ser a próxima época. Mais do que ligar a nomes e currículos, liga ao talento e à qualidade. Mais do que olhar para números ou datas de nascimento, olha para o que fazem no treino e o que podem fazer em jogo. E faz questão de passar para fora aquilo que tem vindo a defender no balneário.

“Pressão? Jogar num clube grande traz isso e os jogadores que representarem o Sporting têm de estar habituados a essa situação. Os jogadores só têm uma função, que é jogar futebol, e a ganhar tudo se muda. Para virar as coisas é preciso ganhar”, destacou, antes de abordar também a possibilidade de Mathieu fazer mais um ano ou terminar já a carreira. “Para estarmos no Sporting é muito importante ter fome, querer jogar aqui. Não vou pedir a ninguém para ficar no Sporting. Quero é gente comprometida e todos têm dado uma resposta muito boa”, completou. Cerca de 24 horas depois, coincidência ou não, o defesa francês ficou fora das opções de Rúben Amorim por opção, ao contrário do que se passou com Battaglia, a outra ausência em relação a Guimarães mas por questões físicas.

Matheus Nunes manteve a titularidade tendo Wendel como companheiro no centro em vez de Battaglia (Foto: Global Imagens)

Apesar de ter testado outras opções nas sessões dos últimos dias, Rúben Amorim manteve Rafael Camacho como lateral/ala a preencher o lado direito (e não Ristovski, que desta vez ficou no banco – e de Rosier nem a sombra…), colocou Borja à esquerda na linha de três defesas, preferiu experimentar Wendel com Matheus Nunes lado a lado no meio-campo e continuou com Jovane, Vietto e Sporar na frente. Até aqui, tudo certo, com uma dúvida que se adensou nos minutos iniciais do encontro: se Rúben Amorim ficou satisfeito com as saídas de bola de trás mas admitiu que era necessário melhorar a fase de construção, porque ficou Mathieu de fora assumindo-se que estava em plenas condições tendo em conta que é o elemento recuado que mais valências reúne esse particular?

Uma dúvida que fica por explicar num encontro onde o Sporting caiu em relação ao que tinha feito em Guimarães: a saída de bola de trás foi ainda menos criteriosa, o meio-campo teve menos capacidade de ligar setores e acabou por ser mais uma vez Jovane Cabral, o maior beneficiado da nova ideia e esquema de Rúben Amorim para a equipa leonina, a fazer a diferença com uma grande exibição e um golo ainda melhor de livre direto. Todos os jogadores verde e brancos tinham nas costas “Eu sou”, o lema da nova campanha do clube, mas foi Luís Maximiano que escreveu nas costas do número 77 o carimbo de “grande” de uma formação que esta noite acabou por pensar pequeno e que venceu pela margem mínima um P. Ferreira que merecia muito mais em Alvalade.

Ficha de jogo

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Sporting-P. Ferreira, 1-0

26.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Sporting: Luís Maximiano; Eduardo Quaresma, Coates, Borja; Rafael Camacho, Matheus Nunes (Eduardo, 72′), Wendel (Francisco Geraldes, 83′), Acuña (Nuno Mendes, 72′); Jovane Cabral, Vietto (Gonzalo Plata, 44′) e Sporar

Suplentes não utilizados: Renan, Luís Neto, Ristovski, Matheus Oliveira e Pedro Mendes

Treinador: Rúben Amorim

P. Ferreira: Ricardo Ribeiro; Jorge Silva, Marcelo, Maracas, Oleg Reabciuk; Diaby (Eustáquio, 64′), Pedrinho, Vasco Rocha (Luiz Carlos, 64′); Murilo (Hélder Ferreira, 46′), João Amaral e Douglas Tanque

Suplentes não utilizados: Marco, Marco Baixinho, Bruno Santos, Welthon, Uilton e Adriano Castanheira

Treinador: Pepa

Golo: Jovane Cabral (64′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Matheus Nunes (57′), Diaby (63′), Eduardo (75′), Luiz Carlos (75′) e Pepa (76′)

(E que fazemos literalmente um parênteses para descrever o que é um jogo sem público a partir da bancada de imprensa no piso 7 do Estádio José Alvalade: as conversas são muitas, os gritos também, percebem-se apenas algumas palavras, ouve-se bem o impacto na bola nos remates ou nos passes mais longos, os aplausos do banco e os protestos ganham outro peso por fazerem eco. De resto, não é futebol. O futebol. É apenas um jogo)

A metade inicial da primeira parte cumpriu-se com um único remate (Rafael Camacho, de pé esquerdo, ao lado da baliza de Ricardo Ribeiro aos 7′), um Sporting com muito mais posse (acima dos 70%) e um P. Ferreira organizado a visar sempre a possibilidade de soltar transições rápidas a explorar a velocidade dos seus alas. O que faltava aos leões? Velocidade de execução, não só na saída a partir de trás mas também a partir do momento em que a bola entrava num dos dois médios no corredor central; precisão de passe nas variações de flanco do meio para as zonas laterais; movimentos de rutura que conseguissem desposicionar o conjunto pacense na organização defensiva. Os minutos iam passando e, sem trabalho para Ricardo Ribeiro, os visitantes mantinham o nulo.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-P. Ferreira em vídeo]

Jovane Cabral, bem menos influente do que em Guimarães, ainda teve uma tentativa fraca e em esforço que saiu à figura de Ricardo Ribeiro (28′) mas seria o P. Ferreira a ter o primeiro esboço de oportunidade pouco depois da meia hora, com uma recuperação em terrenos mais adiantados no lado direito do ataque a resultar num passe longo de João Amaral que encontrou Murilo isolado ao segundo poste para um remate em rosca que em vez de sair na direção da baliza de Luís Maximiano foi para trás (32′), gorando-se aí aquela que seria a melhor hipótese dos visitados até ao intervalo apesar da luta de Douglas Tanque na frente, a ganhar a maioria dos duelos.

Metade dos ataques do Sporting tinham sido feitos pela esquerda, com Acuña em grande evidência a subir e a descer no flanco tendo sempre as compensações de Borja. E os melhores momentos de futebol surgiram quando Vietto, o outro argentino na equipa inicial, conseguiu dançar o tango ao primeiro toque com o companheiro. Este nem estava a ser (longe disso) o melhor encontro do antigo jogador do Atl. Madrid pelos leões, com alguns passes falhados no último terço, mas quando tinha algum espaço bastava um toque para se perceber que é uma das mais valias deste plantel verde e branco, como se viu também numa jogada onde Sporar, lançado em profundidade, entrou na área mas, já pressionado, acabou por rematar desenquadrado com a baliza (38′). Daí que a lesão no ombro do número 10 em cima do intervalo tenha sido mais um revés na estratégia leonina.

Após o recomeço, com Hélder Ferreira no lugar do desinspirado Murilo, o P. Ferreira ainda teve um lance de relativo perigo a abrir com dois remates que podiam levar perigo a embaterem na muralha de defesas leoninos mas foi o Sporting que começou a instalar-se mais no meio-campo adversário mantendo na esquerda o seu grande fator de desequilíbrio tendo agora Jovane Cabral (bem melhor do que na primeira parte) a fazer dupla com Acuña. Foi através de combinações entre a dupla que nasceram duas boas oportunidades para Sporar finalizar na área mas se no corredor lateral estava a virtude, no meio continuava o pecado com Matheus Nunes a tentar chegar mais à frente em movimentos de rutura onde pedia a bola sem sucesso e Wendel incapaz de jogar noutro ritmo que não fosse com bola no pé, permitindo que a organização defensiva pacense fosse controlando as iniciativas. Na primeira vez que o brasileiro fez isso e progrediu com bola, sofreu falta em zona frontal, Jovane Cabral assumiu a marcação e enviou um autêntico míssil que bateu ainda na trave antes de entrar na baliza (64′).

O Sporting chegava à vantagem, o P. Ferreira não demoraria a deixar por mais do que uma vez avisos com perigo à baliza de Luís Maximiano, que se tornou o herói dos leões a partir do momento em que a formação verde e branca se colocou em vantagem: primeiro foi João Amaral a ser lançado nas costas da defesa leonina, a rematar na passada para defesa no chão do guarda-redes e a cair tocado por Borja num lance onde Rui Costa assinalou penálti, o VAR contrariou a decisão e o árbitro principal confirmaria a ideia com uma bola ao ar (67′); depois foi Tanque a atirar uma bomba de livre direto que o número 81 travou numa primeira instância antes de negar também a recarga de João Amaral (79′); a seguir foi Jorge Silva, a fazer um cruzamento remate que seria desviado para canto (86′); por fim, Pedrinho tentou a meia distância que passou a rasar a trave (90+4′). Os papéis estavam invertidos e assim continuariam, ainda que sem mais golos apesar de novo rasgo de Jovane com um tiro à trave (90+7′).

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