O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) condenou hoje a reestruturação anunciada pelo Montepio que prevê o fecho de 31 balcões do banco, sublinhando que as estruturas representativas dos trabalhadores têm de ser ouvidas no processo.

Em comunicado, o SNQTB diz que “condena uma eventual reestruturação a ser implementada pelo Montepio Geral, a qual anuncia a redução da rede de balcões do banco Montepio” e acrescenta que irá pedir uma reunião urgente com a administração do banco “com o objetivo de acautelar eventuais consequências para os trabalhadores”.

O presidente do SNQTB, Paulo Gonçalves Marcos, afirma que o sindicato está “a seguir de perto e com preocupação” o anúncio da reestruturação e sublinha que “eventuais processos de reestruturação e alteração de estruturas, entre outras práticas de reorganização interna das empresas, têm de ter o envolvimento e pronúncia das estruturas representativas dos trabalhadores”.

“É a lei que o prevê. É o Estado de Direito que o exige”, frisa Paulo Gonçalves Marcos, citado no comunicado. “Num momento em que os bancários estiveram e estão sempre na linha da frente, ao longo de todo o estado de emergência e da atual situação de calamidade, não podemos deixar de salientar que é particularmente injustificável que, neste grave período da história do nosso país, os trabalhadores sejam alvo de tentativas palacianas que pretendem fazer tábua rasa da dedicação, empenho e profissionalismo dos bancários”, adianta o dirigente sindical.

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Segundo Paulo Gonçalves Marcos, “este não é um assunto que interesse apenas aos acionistas e aos gestores por eles nomeados, mas diz respeito a todos os ‘stakeholders’: aos trabalhadores, organizados pelos sindicatos, aos clientes, aos fornecedores e aos cidadãos representados pelo Estado”.

“Uma empresa estratégica não pode depender da vontade exclusiva dos acionistas e nenhum ‘stakeholder’ se pode demitir das suas responsabilidades”, acrescenta o sindicalista.

O SNQTB sublinha que “a Caixa Económica Montepio Geral/Grupo Banco Montepio é uma empresa estratégica na captação e preservação de poupanças das famílias portuguesas, bem como na aquisição de habitação própria permanente e no apoio às PMEs, microempresas e profissionais liberais”.

“Desenganem-se todos aqueles que pensam aproveitar a pandemia para, no recato dos seus gabinetes de administração, ignorarem ou menosprezarem os legítimos interesses dos trabalhadores, ou da sociedade onde se inserem, desenhando reestruturações que transferem de forma assimétrica os custos para os outros”, conclui o presidente do SNQTB.

O banco Montepio anunciou na terça-feira que vai fechar 31 balcões, referindo que está reforçar a aposta nos serviços digitais.

O banco disse que decidiu “ajustar o modelo de distribuição e reorganização da rede comercial” através da “fusão de 31 balcões redundantes devido à sua proximidade geográfica”. Contudo, acrescentou, continuará a “prestar os serviços bancários de proximidade às populações”. O banco não indicou as agências em causa nem se haverá trabalhadores afetados.

O Montepio teve lucros de 5,4 milhões de euros no primeiro trimestre (17% abaixo de período homólogo), tendo no final de março 3.969 trabalhadores e 328 balcões em Portugal.

Ainda no comunicado divulgado na terça-feira, a instituição afirmou que está a “acelerar a transição digital”, tanto internamente como na relação com os clientes, assim como a ajustar o modelo de negócio, com a “aposta em produtos com maior valor acrescentado para o cliente”.