Em plena pandemia, durante o mês de Abril, a VanMoof produziu um anúncio a promover as suas bicicletas eléctricas, o habitual para qualquer fabricante. Menos normal é um país como a França, que também fabrica bicicletas eléctricas, bem como automóveis, tenha decidido que o anúncio dos holandeses era ofensivo para os carros e, deduzimos, para a indústria automóvel.

O filme, de gosto tão duvidoso quanto a mensagem, visava promover a mobilidade urbana eléctrica, chamando a atenção para as longas filas de trânsito nas auto-estradas de acesso às grandes cidades, misturadas com a poluição que sai das chaminés das fábricas. Certamente que estas últimas não seriam fundições de metal, daquele que é utilizado na fabricação dos quadros das bicicletas, ou centrais termoeléctricas que produzam a electricidade com que se recarregam veículos eléctricos, de duas ou quatro rodas.

Mas, em vez de deixar o público ver o vídeo promocional da VanMoof e decidir o que pensar da sua qualidade técnica ou da mensagem que pretende transmitir a quem o vê, os franceses decidiram que os seus cidadãos eram demasiados influenciáveis, ou sensíveis, para conseguir tomar uma decisão pela sua cabeça e resolveram banir o anúncio no país.

O curioso é que o anúncio já era conhecido em França, uma vez que a publicidade já tinha passado nas televisões holandesas e alemãs, o que deixou a Autorité de Regulation Profissionnelle de la Publicité (ARPP) de sobreaviso. Pelo que assim que a VanMoof decidiu atacar o mercado francês, a ARPP caiu-lhe em cima, mandando o jogo abaixo, que é como quem diz, o anúncio.

Segundo o regulador gaulês, o medo foi que a tentativa de diabolizar o automóvel ferisse a sensibilidade dos locais. Como as bicicletas holandesas não são particularmente atraentes, até é possível que a proibição tenha conseguido criar maior notoriedade do que se o anúncio passasse normalmente, como seria de esperar. A VanMoof produziu um anúncio sem sentido e a França respondeu à altura, com uma decisão sem nexo.

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