O PCP defendeu esta quarta-feira que o acidente ferroviário da passada sexta-feira em Soure, distrito de Coimbra, espelha a necessidade da integração da rede ferroviária na Comboios de Portugal (CP) e pede mais investimento na ferrovia.

Em comunicado enviado às redações, o Partido Comunista Português (PCP) aponta que o acidente em Soure, “não envolvendo estranhos ao sistema ferroviário e tendo como intervenientes elementos centrais deste sistema”, gera “justas preocupações” quanto à “qualidade geral de serviço e as condições de segurança de todas as componentes do sistema no âmbito nacional”.

O partido lembra que a infraestrutura ferroviária, “antes componente da CP unificada, separada em 1997 com a criação da REFER, está desde 2015 integrada no sistema rodoviário, na IP (Infraestruturas de Portugal)” e ainda que “em 2017 o órgão do Estado dedicado à prevenção e investigação de acidentes ferroviários passou a integrar o mesmo órgão com semelhantes atribuições para os acidentes com aeronaves”.

Toda uma situação que espelha a menorização do sistema ferroviário com reflexos inevitáveis no domínio da segurança onde se destaca a própria mercantilização da formação com a redução de padrões de qualidade e desresponsabilização da IP”, sustentam.

Neste contexto, o PCP insiste que uma aposta no sistema ferroviário, na modernização, qualidade e segurança exige “investimento público, meios humanos e a reunificação da CP”.

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Esta “CP reunificada”, aditam, constitui-se como “elemento fundamental com escala para agregar e desenvolver engenharia e tecnologia ferroviária, exercendo a gestão da infraestrutura e como operador único em todo o território nacional”.

Os comunistas consideram ainda que o acidente em Soure “exige o apuramento das suas causas e do enquadramento de factos e de responsabilidades que lhe estão associadas”.

Na passada sexta-feira, uma dresine (veículo de conservação da ferrovia) colidiu contra um Alfa Pendular, no concelho de Soure, distrito de Coimbra, na sequência da ultrapassagem indevida de um sinal vermelho, à saída da estação de Soure.

As dresines não têm sistema de controlo automático de velocidade, o que teria impedido a ultrapassagem.

O acidente provocou dois mortos, oito feridos graves e 36 feridos ligeiros.

O comboio seguia no sentido sul – norte com destino a Braga e o descarrilamento ocorreu após o embate entre o Alfa Pendular e uma máquina de trabalho, perto da vila de Soure, junto à localidade de Matas.