Pouco depois do final do encontro e da distribuição de medalhas entre derrotados e vencedores, Diego Carlos foi à zona de entrevistas rápidas para os detentores dos direitos da Liga Europa. “Estou muito feliz, muito, muito feliz. Era muito importante. Falei hoje com a minha família, disse que era muito importante conseguir marcar e graças à equipa consegui. Fomos gigantes, lutámos até ao último minuto… Estou muito feliz. Um título, um golo, a minha mulher grávida, tudo… Era muito importante conquistar este título. Desde que levantámos o troféu e começámos a cantar a música do Sevilha, é um momento que não mais vou esquecer”, salientou entre lágrimas.

A tradição ainda é o que era, nem que Diego Carlos vá à bruxa de bicicleta (a crónica do Sevilha-Inter)

O central de 27 anos teve um caminho estranho no futebol, entre vários empréstimos no Brasil entre São Paulo, Paulista e Madureira antes de chegar ao Estoril e fazer duas épocas em Portugal, a primeira cedido à equipa B do FC Porto. Em 2016, rumou ao Nantes e foi aí que consolidou o percurso, com três épocas a bom nível na Ligue 1 que lhe valeram no último verão o salto para o Sevilha já com o cunho do diretor desportivo Monchi. Pouco ou nada corria bem na final da Liga Europa ao brasileiro, que voltou a cometer um penálti, foi batido por Godín no 2-2 e isolou Lukaku num erro que por pouco não mudou o rumo do jogo. Depois, num momento de inspiração, arriscou uma bicicleta, contou com a “ajuda” do avançado belga e decidiu o vencedor do encontro, saindo em lágrimas por estar com problemas físicos num momento de emoção que se prolongou pela festa.

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Emoção foi o sentimento mais presente no final da sexta vitória do Sevilha noutras tantas finais da Liga Europa disputadas entre 2006 e 2020. 14 anos, quase metade dos troféus. Sendo o primeiro ou mais um, todos tiveram uma reação semelhante, da imagem de Gudelj deitado no chão de cabeça para baixo a Reguilón a falar ao telefone por videoconferência. Julen Lopetegui, o treinador, não foi diferente e mal acabou o encontro abraçou-se a toda a equipa técnica visivelmente emocionado, antes de ir depois cumprimentar todos os seus jogadores. Depois da saída atribulada da seleção espanhola e do falhanço no Real Madrid, o técnico ganhou o primeiro título num clube após os Europeus de Sub-19 e Sub-21 pela Roja naquele que foi o primeiro ano no comando do Sevilha, tendo ainda assegurado a entrada direta na fase de grupos da Champions pelo quarto lugar na Liga.

“Estes jogadores são grandes, mesmo que não tivessem ganho. Trabalhámos muito, tivemos três penáltis contra nós nos últimos três jogos mas esta equipa nunca se rende. Estou muito feliz. Estamos a 21 de agosto e mesmo assim ninguém pensava em mais nada a não ser ajudar e cá estamos. Falámos da resiliência do encontro anterior, que nem sempre se conseguem superar as dificuldades mas que quando se tenta já somos campeões. Merecemos ganhar este troféu. O Sevilha é um clube magnífico mas peço para que os adeptos tenham prudência a festejar. Este título é por eles, por Puerta, por todos os que nos apoiam”, comentou o técnico no final.

Se o treinador não esqueceu Antonio Puerta, o extremo que esteve nas duas primeiras vitórias da formação da Andaluzia antes de falecer vítima de uma paragem cardiorrespiratória durante um jogo da Liga, Jesus Navas, que pela primeira vez levantou o troféu como capitão, alargou o leque de dedicatórias a outro amigo próximo que perdeu há pouco tempo. “Este grupo merece porque todos os dias conseguiu superar os problemas que foram surgindo. Ter a oportunidade de levantar esta taça foi uma homenagem a todos os que já não estão connosco como o Puerta ou o Reyes. Espero que todos os adeptos se sintam orgulhosos de nós porque eles merecem ficar felizes apesar de todos os problemas”, salientou no final o agora lateral de 34 anos.