A ministra da Saúde foi ao telejornal da RTP a pretexto da apresentação do plano da saúde para o outono-inverno, mas acabou por pouco ou nada falar sobre ele. Numa breve entrevista, a ministra fez a atualização do número de consultas realizadas à distância nos cuidados de saúde primários, do número de ventiladores existentes no Serviço Nacional de Saúde e, uma vez mais, da evolução capacidade de testagem, tudo para dizer que o “sistema está muito longe de estar em colapso”. Há razões para preocupação, mas segundo Marta Temido também para “ter confiança”.

“Temos hoje muito mais meios, mais recursos humanos e técnicos, mais organização e mais conhecimento. Enfrentamos esta fase de crescimento dos números com confiança e preocupação, mas com a consciência que conseguimos reforçar a capacidade laboratorial, de medicina intensiva, dos recursos humanos e os métodos de organização de trabalho ao nível da saúde pública e integração de outras áreas”, afirmou a ministra destacando que foi possível também melhorar “aquilo que é a celeridade de deteção de casos”.

Das vacinas aos testes rápidos, os planos da DGS para o outono e o inverno

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Além dos casos Covid-19, será prioritário para a saúde também “ter atenção àquilo que são as respostas não-Covid”. Ao longo dos últimos meses milhares foram os atos médicos, consultas, exames, que foram cancelados para se dar prioridade ao combate à pandemia, mas a retoma da atividade assistencial é uma das prioridades do Governo, que terá de dar as mãos ao crescimento do número de casos positivos de Covid-19.

A ministra da Saúde preferiu destacar as consultas não presenciais que foi possível realizar até ao momento e o reforço das centrais telefónicas que está em curso — e que deverá ser concluído até final de outubro.

“Estamos a trabalhar, temos um plano e estamos no terreno com ações concretas: reforço das linhas telefónicas, reforço da capacidade de atendimento, garantir que as pessoas têm uma voz do outro lado que as atende”, disse Marta Temido, frisando que já foram realizadas “três milhões de consultas não presenciais”. “Perdemos atividade presencial, mas melhoramos este nível de resposta”, aponta.

Lisboa e Vale do Tejo com 60% da capacidade de internamento Covid-19 ocupada

Com as áreas metropolitanas a exigirem maior atenção das autoridades de saúde, Lisboa e Vale do Tejo tem liderado a maior parte dos dias o número de novos casos por região, e o número de internamentos também já reflete essa tendência. Segundo a ministra da Saúde neste momento a região de Lisboa e Vale do Tejo já tem 60% das camas reservadas a doentes Covid-19 ocupada.

Segundo a ministra da Saúde a região de Lisboa e Vale do Tejo tem, neste momento, 300 das 500 camas que estão “guardadas” para doentes Covid-19 já ocupadas.

“Mas são 300 das 500 que fazem parte das 7.000. Ou seja, temos esta capacidade de ir adaptando as respostas àquilo que são as necessidades de cada momento”, afirmou Marta Temido. Segundo a ministra, no país há 21 mil camas de internamento, com Lisboa e Vale do Tejo a ter 7 mil (para todos os doentes). Mas o aumento do número de camas para doentes Covid significará, necessariamente, a diminuição dessas camas noutras enfermarias de doentes não-Covid-19.

SNS tem mais 700 ventiladores do que em março

Depois de numa primeira fase muito se ter escrito sobre a compra e os donativos de vários ventiladores, a ministra garantiu que há agora mais 700 ventiladores instalados no Serviço Nacional de Saúde que permitiram reforçar as unidades de cuidados intensivos.

Escusando-se a dar um número “chave” sobre a capacidade do SNS para receber doentes Covid-19, Marta Temido argumenta que há atualmente uma maior capacidade “de funcionar em rede” e recorda que os protocolos celebrados com outros setores no início da pandemia nunca chegaram a ser ativados e que o mecanismo da requisição civil também não foi utilizado pelo Governo.

“Temos, por exemplo, mais 700 ventiladores, números redondos, no SNS do que tínhamos em março. Tínhamos capacidade laboratorial em março para 3 mil testes e agora são 23 mil testes por dia, estamos melhor preparados”, argumentou a responsável pela tutela da saúde.