Até onde pode ir João Almeida no Giro? A pergunta começa a ser feita de forma cada vez mais frequente no pelotão e o português continua a fazer para que se tenha ainda mais essa dúvida: numa etapa complicada (e mais uma vez em condições adversas) ganha por Filippo Ganna – que deu uma alegria à Ineos após o abandono de Geraint Thomas –, o corredor das Caldas da Rainha juntou-se ao grupo que se seguiu ao campeão mundial de contrarrelógio e terminou a etapa na terceira posição, conseguindo ganhar mais tempo nas bonificações.

João Almeida dormiu com a camisola rosa e levou-a de novo para o quarto: português mantém liderança do Giro

Na quinta etapa que ligou Mileto a Camigliatello Silano numa distância de 225 quilómetros (terceira mais longa em três semanas de corrida), João Almeida ainda sentiu dificuldades na parte final da tirada com uma subida mais íngreme onde constava uma contagem de montanha de primeira categoria, altura em que se deixou cair para a cauda do pelotão, mas foi a tempo de colar novamente no grupo que integrava os principais favoritos ao triunfo final mesmo sem ter a Deceuninck-Quick Step no seu apoio, lutando pela segunda posição ao sprint com Patrick Konrad da Bora, que passou à frente nos últimos metros. Ainda assim, o português alcançou mais quatro segundos de bonificação pelo terceiro posto, reforçando a liderança do Giro quase no final da primeira semana.

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Histórico: João Almeida torna-se o segundo português de sempre a ter a camisola rosa no Giro

Com os principais favoritos a chegarem de forma compacta no pelotão atrás de Filippo Ganna, João Almeida fez subir de forma assinalável a vantagem em relação ao segundo classificado: Jonathan Caicedo, da EF Pro Cycling, caiu para o 39.º lugar da geral individual a mais de 16 minutos, saltando assim Pello Bella, da Bahrain McLaren, para a segunda posição a 43 segundos do português. Wilco Kelderman, da Team Sunweb, também subiu ao terceiro posto a 48 segundos. Os três principais favoritos nesta fase encontram-se também nos lugares cimeiros, com Vincenzo Nibali em quinto (1.01), Jakob Fuglsang em sétimo (1.19), Steven Kruijwijk em oitavo (1.21).

Desta forma, João Almeida tornou-se o primeiro português a ter durante três dias (pelo menos) a camisola rosa de líder da Volta a Itália, superando os dois dias de Acácio Silva em 1989. Esta quinta-feira, a sexta etapa irá ligar Castrovillari e Matera (188 quilómetros) e deverá ter uma chegada ao sprint (ou com fugitivos) depois de uma contagem de montanha de terceira categoria, com a curiosidade de terminar no local onde o mesmo Acácio da Silva, em 1985 quando estava na Malvor-Bottecchia, conseguiu a primeira vitória no Giro – e com a particularidade de ter sido na segunda tirada do dia, depois dos 45 quilómetros matinais entre Foggia e Matera. Quatro anos depois, o português então na Carrera Jeans–Vagabond vestiu dois dias a camisola rosa.