No verão passado, Herrera trocou o FC Porto pelo Atl. Madrid e deixou os dragões não só órfãos de um capitão como órfãos de uma referência no meio-campo. Para o substituir, chegou Uribe, que entrou rapidamente para o onze, assumiu um papel preponderante na dinâmica da equipa e foi um dos elementos centrais na conquista do título. Assim como foi a figura central de uma das principais polémica da temporada, assim como foi muito criticado por não arriscar e assim como foi tantas vezes um dos responsáveis pela ausência de criatividade da transição ofensiva do conjunto. Passou um ano. E Uribe é agora a cara de uma equipa que quer aprender com os erros.
Depois de na única grande entrevista que deu antes do início da temporada ter referido precisamente que queria que Uribe tivesse mais presença no ataque e em espaços mais subidos do relvado, Sérgio Conceição aproveitou a antevisão da deslocação ao Bessa para garantir que o jogador “está mais solto”. “Hoje está completamente integrado e sabe bem o que queremos. É verdade que lhe exijo muito, e faço-o porque tem essa capacidade e qualidade de chegada ao último terço e de aparecer em zona de finalização com alguma facilidade. Mas não é só a ele. É a todos os médios, pois esta é das características de que gosto na linha média. Sem dúvida que noto o Matheus [Uribe] mais solto neste sentido”, disse o treinador dos dragões.
Este sábado, em Alvalade, Uribe respondeu a essa exigência de Sérgio Conceição e apareceu na grande área a responder a um cruzamento de Zaidu para empatar o marcador — já depois de ter cabeceado por cima na sequência de um passe de Corona. O médio colombiano, que desde o início da época está muito mais subido no terreno e aproveita a competência de Sérgio Oliveira para delegar as tarefas defensivas, é agora um dos ativos mais importantes do FC Porto no ataque e uma alternativa aos três elementos da frente quando a pressão adversária é bem executada.
????????Colombianos que marcaram no Clássico Sporting x FC Porto:
➡Falcao
➡Jackson Martinez
➡James Rodriguez
➡URIBE pic.twitter.com/UIOKtVRAGz— playmakerstats (@playmaker_PT) October 17, 2020
Uribe tornou-se assim o exemplo de uma equipa que quer evoluir na continuidade: pegar nas características dos jogadores que já estavam no plantel, levá-las ao limite e tirar o maior proveito possível dos elementos que já faziam parte do grupo. E a verdade é que o médio colombiano, e o exemplo que daí advém, pode abrir a porta a uma integração mais eficaz dos novos reforços, numa ótica de recuperação de erros cometidos anteriormente.
Ainda assim, nunca o FC Porto de Sérgio Conceição tinha sofrido o sexto golo do Campeonato tão cedo, logo à quarta jornada — o pior registo do clube desde 1969/70. Em quatro jogos, os dragões começaram a perder em três e só não sofreram golos num (contra o Boavista) e os sete pontos em quatro semanas são mesmo o pior arranque desde 2004/05. Além disso, o FC Porto voltou a não conseguir ganhar um jogo grande, depois de na época passada ter vencido todos os Clássicos que disputou contra Sporting e Benfica.