A associação Natureza Portugal, parceira em Portugal da “World Wide Fund for Nature” (WWF), apelou esta segunda-feira aos decisores políticos para que apoiem e implementem estratégias sustentáveis de defesa da biodiversidade.

A propósito do relatório “O Estado da Natureza na União Europeia”, esta segunda-feira divulgado em Bruxelas, a associação diz em comunicado que é tempo de atuar agora e que as próximas decisões podem “mudar tudo”.

A associação diz que a elaboração do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) será “determinante para mitigar os impactos negativos da agricultura sobre a biodiversidade, e colocar a agricultura nacional no caminho para a verdadeira sustentabilidade”. E acrescenta, citando a diretora de conservação e políticas da associação, Catarina Grilo: “Ignorar a ambição da ‘Estratégia Do Prado Ao Prato’ na elaboração do PEPAC, como Portugal está atualmente a fazer, é a receita para continuarmos num declínio vertiginoso da biodiversidade terrestre e dos ecossistemas de água doce, e para termos uma agricultura que não oferece aos seus cidadãos a possibilidade de adotarem uma dieta saudável que respeita o planeta”.

A associação cita o relatório para dizer que em Portugal mais de metade dos habitats avaliados apresentam tendências de deterioração. “Para os habitats com estatuto desfavorável ou desconhecido, Portugal apresenta a maior percentagem de habitats em declínio (quase 20%) de entre todos os Estados-Membros. Já para as espécies com estatuto desfavorável ou desconhecido, o nosso país tem uma elevada percentagem (mais de 60%) cuja condição é desconhecida, revelando a falta de investimento na monitorização das espécies. Portugal também fica mal na fotografia por se encontrar no grupo de Estados-Membros que ainda só designaram menos de 20% das suas Zonas Especiais de Conservação, no âmbito da Diretiva Habitat”, alerta a associação.

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A Comissão Europeia alertou segunda-feira para o “declínio” do estado das espécies e habitats protegidos no continente europeu, num relatório sobre o estado da natureza na União Europeia (UE). No relatório é referido que 81% dos habitats protegidos estão em “estado fraco ou mau”, contra apenas 15% em “estado bom”, sendo que os territórios costeiros são particularmente afetados, com a menor taxa de avaliação positiva. A conservação das espécies também tem conhecido uma tendência negativa em todo o continente europeu, com apenas 27% a manterem um “estado bom”, sendo que os peixes de água doce são os animais com a maior taxa de deterioração, com 62% em “estado fraco ou mau”.

Também a propósito do relatório a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), em comunicado, salienta que em Portugal apenas 24% dos habitas estão em bom estado de conservação, 72% estão em estado inadequado ou mau, e 04% estão em situação desconhecida. E salienta que os habitats em pior estado de conservação são as florestas, com apenas 04% em bom estado, e os habitats costeiros com 12.5%.

Para a LPN, as florestas portuguesas devem o seu mau estado de conservação, sobretudo, à ocorrência recorrente de incêndios, e “ao avanço imparável, por ação humana ou regeneração natural, de espécies exóticas”, como o eucalipto e as acácias. “Já as pressões sobre os habitats costeiros, como as frágeis dunas, infelizmente são notícia frequente pelo apetite que têm gerado no setor hoteleiro, do turismo e da agricultura intensiva”, acrescenta.

A LPN alerta ainda que “cerca de 80% dos habitas nacionais em estado desfavorável tendem a degradar-se ainda mais se nada for feito para o evitar”. No relatório, é sublinhado que “a agricultura intensiva, a urbanização, a exploração florestal não sustentável e as alterações dos habitats de água doce” são as principais causas para a degradação dos habitats e das espécies, sendo referido também que a “poluição da água e do solo, as alterações climáticas e a caça e pescas insustentáveis” têm afetado significativamente o meio ambiente.