Mais confortáveis, uma câmera que coleciona elogios e um 5G que convence, mas que ainda tem muitos desafios por ultrapassar. Ao longo das duas últimas semanas, foram várias as análises que foram publicadas sobre os dois equipamentos mais esperados da Apple para 2020 – o iPhone 12 e a versão 12 Pro, que em Portugal custam entre 929 e 1.529 euros. De fora destas review, para já, ficaram as versões Mini — um iPhone que concentra a mesma tecnologia num corpo mais pequeno, com um ecrã de 5,4 polegadas — e a Pro Max, que apresenta um ecrã de 6,7 polegadas. Os preços para estas novidades, disponíveis a partir de novembro, ficam entre os 829 e os 999 euros para o Mini e os 1279 e os 1629 euros para o Pro Max.

Os 13 detalhes dos novos iPhone 12 (e uma novidade extra)

Publicações como o norte americano The New York Times ou o Wall Street Journal e sites como o Cnet, The Verge, Wired e Tech Radar experimentaram os dois modelos do iPhone 12 e parece haver consenso sobre grande parte das melhorias que a gigante tecnológica implementou no seu novo smartphone. O design melhorado, com lados mais planos e dimensões mais contidas, e as melhorias no hardware, incluindo a qualidade de fotografia, parecem ser as mais aplaudidas. A estas junta-se o encurtar de distância entre o desempenho e preço dos modelos. Mas, do outro lado, a tecnologia 5G continua a ser um problema. Não tanto do lado da Apple mas do lado das operadoras já que, em muitos casos, o serviço de cobertura é limitado. Eis os cinco principais pontos de convergência dos críticos.

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Foi um regresso ao passado, mas há pontos a favor no design

Os cantos retangulares, a lembrar modelos anteriores, o ecrã de mistura híbrida entre vidro e cerâmica – Ceramic Shield, como a Apple o batizou –, que abraça o corpo do telefone, uma banda de aço inoxidável polido, que define o iPhone 12 Pro (e de alumínio fosco no 12), e cores sólidas parecem ser alguns dos argumentos positivos transversais a quem por estes dias experimentou o iPhone 12 e iPhone 12 Pro. Diferenças de material à parte, as novas apostas da Apple parecem ter deixado os críticos satisfeitos.

Sobre o iPhone 12 Pro, Brian X. Chen, do The New York Times, escreve que as mudanças em relação ao iPhone 11 ajudaram o aparelho a perder algum peso e espessura, mantendo uma tela espaçosa de 6,1 polegadas. “Parecia muito mais confortável dentro dos bolsos das minhas calças do que o iPhone 11, que parecia muito grande”.

A opinião é corroborada por Patrick Holland, do Cnet, que acabou por escolher o modelo Pro “não por causa da câmera telefoto ou Lidar, que falta no 12”, mas “por causa da parte de trás com textura fosca, a faixa de aço inoxidável brilhante nas laterais e o facto de que o 12 Pro, apesar de pesar quase 25 gramas a mais [que o modelo base], parecia sólido e premium”. Dieter Bohn, do The Verge, segue a mesma direção e escreve que “o iPhone 12 e o 12 Pro têm um visual arrojado e marcante, sem rodeios. A construção e o acabamento do 12 Pro são extraordinários.”

O novo iPhone 12 está disponível em cinco cores

A câmera que coleciona elogios

É certo que os novos iPhone não contam com o Zoom 100x Space do Samsung Galaxy S20 Ultra, mas nem por isso perdem destaque. Recorde-se que o modelo base deste iPhone 12 conta com 12 megapixels como os telefones anteriores, uma lente de sete elementos e uma abertura maior, o que significa imagens mais brilhantes e menos desfocadas em pouca luz. Além disso, tem também uma segunda câmera ultralarga de 12 megapixels com um campo de visão de 120 graus, uma lente de cinco elementos e uma distância focal equivalente a 13 mm. A estas especificações junta-se o sistema Smart HDR 3 da Apple, que ajusta automaticamente coisas como o equilíbrio de brancos e contraste em fotos para as tornar mais naturais. Por último, o iPhone 12 tem a capacidade de gravar vídeo HDR com Dolby Vision a 30 fps.

Já na versão Pro, e como acontecia no iPhone 11 Pro, existe uma terceira câmera telefoto que pode ser usada para tirar fotografias Deep Fusion. Mas o destaque é o sensor LIDAR, que pode ser um grande aliado em situações de pouca luz; a Apple garante uma focagem automática até seis vezes mais rápida com esta tecnologia. Com este modelo chega também o Zoom ótico 2x e zoom digital 10x, graças à lente telefoto equivalente a 52 mm; Vídeo HDR com Dolby Vision, como o iPhone 12, mas até 60 fps em vez de ser limitado a 30. Ambos os modelos contam com uma tela OLED a que a Apple chama de Super XDR Display.

Rhiannon Williams, do site i, fala do quão impressionante foi a experiência de filmar em 4K nas ruas de Londres em plena luz do dia e em ambientes fechados, descrevendo a filmagem como “suave e natural. Filmei um esquilo a comer nozes numa cerca e [a câmera] captou perfeitamente os gradientes de cor do pelo e a forma como a cauda balançou com a brisa.” Noutro ponto, Stuart Miles, do Pocket Lint, destaca o modo noturno e os recursos HDR. “É como noite e dia quando se trata de fotografia com pouca luz (…) e não precisa de perder tempo com dezenas de configurações de mestre. ‘Aponte, dispare, capture e aproveite’ parece ser o mantra da Apple aqui e funciona.”

Os novos modelos iPhone 12 Pro e Pro Max com três câmeras traseiras

Mais autonomia por menos bateria?

As opiniões parecem convergir na ideia de que tanto o modelo base do iPhone 12, como a sua versão Pro, estão alinhados com o antecessor em termos de autonomia. A menos que ligue o aparelho ao serviço 5G ou que utilize jogos que requerem alto desempenho, avisa quem experimentou. Aí, a duração desce exponencialmente.

O iPhone 12 Pro tem uma bateria de 2815 mAh enquanto que o iPhone 11 Pro nos chegou às mãos com 3046 mAh, mas nem por isso os números refletem o desempenho quando comparados os dois modelos. No único teste de bateria que fez, Patrick Holland colocou um vídeo em repetição com o telefone a metade do brilho e em modo avião. “O iPhone 12 Pro durou 15 horas e 56 minutos e o iPhone 12 durou 17 horas e 14 minutos”, escreveu.

Também Rhiannon Williams se pronunciou, afirmando que o chip biónico A14 foi “projetado para reduzir o desgaste da bateria. Em termos de duração de bateria, achei que está em grande parte em linha com o iPhone 11 – terminando um dia de 16 horas com 25-30% de carga após enviar e receber WhatsApps e mensagens de texto, fazer streaming de uma aplicação de rádio e fazer correr uma app de treino de 40 minutos”.

O contraponto é feito por Joe Rossignol, do site MacRumors, que apontou um teste de circunstâncias semelhantes conduzido por Arun Maini, no canal de YouTube Mrwhosetheboss, com vários modelos de iPhone, entre os quais o 11 Pro Max, o 12 e o 12 Pro. O resultado deixou o modelo 11 Pro Max à frente, com uma autonomia de 8h e 29 minutos, comparativamente ao modelo base do iPhone 12 (6h e 41 minutos) e do modelo Pro (6h e 35 minutos).

“Embora o chip biónico A14, mais eficiente em termos de energia nos iPhones mais recentes da Apple, ajude a compensar as capacidades mais baixas da bateria, este teste mostra que o iPhone 11 Pro ainda dura mais do que o iPhone 12 e o iPhone 12 Pro sob uso pesado e contínuo”, escreveu.

Massive Apple's iPhone Preorders On The First Day Of Release

Em Portugal foi possível fazer pré-reserva desde 16 de outubro

O 5G é o grande passo, mas estamos preparados?

Parece, para já, o ponto menos positivo no meio das críticas aos equipamentos, ainda que não seja direcionado à própria Apple. As potencialidades e riscos da 5.ª geração de rede móvel são bem conhecidas atualmente: é possível que venhamos a fazer cirurgias remotas, que os carros possam conduzir-se de forma totalmente automática, que a realidade virtual assuma um papel ainda maior ou, em termos mais céleres, que possamos fazer o download de uma série inteira em segundos. Mas, do outro lado, estão os riscos com a cibersegurança. Questões políticas e sociais à parte, Portugal ainda não dispõe de serviço de quinta geração mas, nos Estados Unidos, a questão também não é fácil.

“Quando encontrei lugares onde podia ligar-me às redes 5G mais rápidas, a experiência do iPhone foi extremamente gratificante. A rede deu-me velocidades de download até sete vezes mais rápidas do que os melhores serviços de banda larga que já usei”, escreve Brian Chen, do The New York Times.

“Mas os locais onde apanhei o 5G ultrarrápido foram muito menos satisfatórios. A certa altura, encontrei a ligação na parte de trás de um estacionamento. Outra vez, estava à frente de um Pet Food Express”. O problema manteve-se na Carolina do Sul, segundo Patrick Holland do Cnet, e para Dieter Bohn, do The Verge, São Francisco também teve as suas falhas. Mas os testemunhos parecem encontrar-se no patamar positivo. quando o telefone consegue apanhar a rede mais rápida.

É preciso notar, no entanto, que ligar-se ao 5G pode sobrecarregar a bateria do telefone. A pensar nisto, a Apple implementou um recurso de software inteligente chamado modo Smart Data, que equilibra as necessidades de dados, velocidade e potência. O Smart Data analisa vários fatores para determinar se é, ou não, necessário o uso do 5G e passa o telefone para 4G caso não seja preciso.

O novo processador é assim tão rápido?

Sim e não. Tim Cook anunciou este A14 Bionic como o mais rápido de sempre produzido pela empresa californiana e é bem possível que o seja. Mas Nilay Patel, do The Verge, apesar de lhe reconhecer a capacidade, defende que isso não quer dizer que os anteriores eram lentos. “Escrevo isso todos os anos, claro: escrevi no ano passado sobre o A13 Bionic e no ano anterior sobre o A12 Bionic. E esses telefones não parecem necessariamente lentos.” O Cnet, por sua vez, afirma: “É rápido, mas é difícil ver o aumento da velocidade sobre o A13, que ainda é vigoroso. O chip A14 tem muito que ver com potência agora, e com a preparação do seu telefone para o futuro, para que ele possa lidar com o iOS 17 daqui a uns anos”.